sábado, fevereiro 26, 2011

Desconstruindo as razões do novo salário mínimo


Os trabalhadores do Brasil estão de Luto.

Hoje morreu o PT.
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João Cruzué

É muito divertido ver no contexto político atual o rodopio do Partido dos Trabalhadores fazendo uma apologia do menor valor do SM, paradoxal à própria história. Quem apostaria, 13 anos atrás quando Vicentinho era presidente da CUT, que Sua Excelência iria defender um salário mínimo de R$ 545,00 em pleno Congresso - como Relator do novo Salário Mínimo. Vamos dizer algumas coisas sobre este fato, contextualizando com outros importantes assuntos do cenário político nacional, sob um olhar cristão.

Um olhar cristão além da tensão superficial.

Cada aumento de R$1,00 no valor do salário mínimo, segundo as avaliações da CNM - Confederação Nacional dos Municípios - produz um impacto anual de R$ 38 milhões. No patamar governista de R$ 545,00, o impacto soma 1,3 bilhão de reais nos orçamentos de todos os municípios brasileiros. No patamar de R$ 560,00, 1,9 bilhão, e na casa de R$ 600,00 de 3,4 bilhões.

A Petrobrás - a empresa "do povo" - tão "defendida" nas últimas eleições presidenciais produziu um lucro no ano de 2010 de 35,189 bilhões. Deste lucro, 11,7 bilhões vão para o bolso ( não do povo) dos seus acionistas. Alías, 7,94 - já foram antecipados.

Sem considerar qualquer outro caso para comparar, somente a Petrobrás vai dar 300% de impacto que os 3,4 bilhões de um salário mínimo de R$ 600,00. Você sabe quem são estes acionistas tão sortudos? Garanto que no topo desta lista não está o povo que levou o PT ao poder.

E o "terrível" impacto que os R$ 560 ou R$ 600,00 produziriam nas finanças municipais? Será que de fato seria terrível mesmo? Considerando que são pessoas simples os que ganham "isso" cada real deste valor iria para o consumo; girando a economia nacional e produzindo mais investimentos e empregos em cada município brasileiro.

E para onde iria a "mixaria" dos 11 bilhões de dividendos para os "coitados" dos acionistas da Petrobrás? Com certeza ficariam concentrados assim: a menor parte deles fica em duas dezenas de municípios e a parte maior (62%) vai para acionistas do exterior, imagino grandes banqueiros e ditadores inimigos de seus povos.

A ideologia do PT antigo se esfarelou. Diante dos fatos ocorridos no Congresso neste mês de fevereiro, eu vejo, sob um olhar cristão, que o PT deveria ser processado por falsidade ideológica e condenado a mudar o próprio nome. Com menos de dez anos no poder, ele poderia ser chamado hoje de Partido contra os Trabalhadores, pois "pisou" e traiu todos eles.

E o que virá em seguida? CPMF, e qualquer outra coisa que der na telha da Presidente. Eu sinto pena do ex-presidente Lula, por ter sido o grande responsável pelo vai acontecer de 2011 em diante. Ele não vai poder dizer nada, pois foi o maior cabo eleitoral do atual governo. Ela não vai poder dizer nada, porque não queria ser governo e foi obrigada. No meio de tudo isto reina as velhas raposas políticas que nunca deram a mínima para o povo - a começar do Maranhão.

No passado Pelé, o "rei" do futebol disse uma frase infeliz: " O povo brasileiro não sabe votar". Ele estava se referindo às más escolhas políticas. Eu penso que não temos muitas escolhas, que os nossos representantes políticos mudam suas idiossincrazias à medida que permanecem no poder. A isso soma-se as campanhas políticas que incitam e exploram as emoções populares e a razão fica abandonada no fundo da gaveta.

Eu confio que a geração "Y", com melhor capacidade de comunicação, está chegando aí para cobrar, nas ruas, atitudes concretas e realistas. O mundo está mudando. Povos passivos estão surpreendentemente acordando e exigindo uma nova ordem política mundial. O Brasil ainda está assim, porque quem cala, consente. E quem aceita a monta, deve também esperar pela espora.

E isto me faz lembrar aquele velho (e maravilhoso) poema de Vladimir Maiacovski, já repetido dezenas de vezes no Blog Olhar Cristão:


É PRECISO AGIR

Na primeira noite

eles se aproximam

e colhem uma flor

em nosso jardim.

E não dizemos nada.



Na segunda noite,

já não se escondem:

pisam as flores,

matam nosso cão,

e não dizemos nada.



Até que um dia,

o mais frágil deles,

entra sozinho em nossa casa,

rouba-nos a lua, e,

conhecendo nosso medo,

arranca-nos a voz

da garganta.



E, porque não dissemos nada,

já não podemos dizer mais nada.




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2 comentários:

paulo cesar de mello disse...

O MÍNIMO EM RECUPERAÇÃO
Vicente Paulo da Silva (Vicentinho) *
A política de valorização do salário mínimo adotada pelo governo Lula, agora seguida pelo governo da presidente Dilma Rousseff, garantiu ganhos reais de 53% acima da inflação ao trabalhador dessa faixa de renda . Reajuste muito acima dos ganhos de todas as categorias.
A proposta em gestação pelo governo obedece ao acordo firmado por Lula com as centrais sindicais. É por isso que a presidenta da República se comprometeu a encaminhar ao Congresso Nacional proposta de política de longo prazo de reajuste do salário mínimo, conforme estabelece a Lei n° 12.255, de 15 de junho de 2010. Foi essa lei que fixou o salário mínimo em R$ 510 e determinou 31 de março de 2011 como data-limite para a fixação das regras de reajuste até 2023. Essa norma deve ficar no marco do acordo fechado com as centrais sindicais em 2010, em que a correção foi determinada pela soma do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos anteriores com a inflação do ano imediatamente anterior.
Minha posição é cumprir o acordo entre as centrais sindicais e o governo, de valorização permanente do salário mínimo com o valor de R$ 545 agora e com perspectiva de grande aumento para o ano que vem, com reajuste previsto de pelo menos 13% . Por que cumprir o acordo? É preciso manter a palavra entre as partes. Na minha experiência como sindicalista a vida inteira, briga é briga mas, quando se faz acordo, ele precisa ser cumprido. Será muito ruim para as centrais sindicais, para os trabalhadores e para todos nós, sentarmos à mesa de negociação após ter descumprido o acordo anterior. Que credibilidade teremos quando não cumprimos a nossa parte ?
Quem é assalariado sabe que, como disse Dilma, a manutenção de regras estáveis que permitam ao salário mínimo recuperar o seu poder de compra é pacto deste governo com os trabalhadores. Asseguradas as regras propostas, os salários dos trabalhadores terão ganhos reais sobre a inflação e serão compatíveis com a capacidade financeira do Estado brasileiro.
Eu compreendo e não concordo com a postura do PSDB e do DEM. Afinal, eles não fizeram acordo nem no período Lula , muito menos no do FHC. Período este de arrocho dos salários dos trabalhadores, incluindo a desvalorização do salário mínimo. Foi graças ao nosso governo que tivemos reajustes do mínimo acima da inflação e ganhos reais. Isso, sem dúvida, é muito mais importante.
Aos meus irmãos das centrais sindicais: eu compreendo e apóio a importância da luta pela antecipação do reajuste previsto para 2012. A luta é legítima. Entretanto, se nas negociações não for possível avançar, vamos garantir o acordo. Temos várias lutas a serem enfrentadas aqui na casa, pela jornada de 40 horas semanais sem redução de salário, pelo fim do fator previdenciário, pela regulamentação da terceirização para evitar a precarização do trabalho, pela PEC do trabalho escravo, pela defesa da convenção 158 da OIT e pela correção da tabela do imposto de renda, dentre outras. A luta continua.
Nós, do PT, apoiamos unanimemente a política de salário mínimo adotada pelo governo Lula e mantida pelo governo Dilma. Depois de séculos de exploração, nossa população mais humilde vê-se representada por um governo com uma sensibilidade social que desde 2003 levou o Brasil a um outro patamar no cenário das nações, com crescimento econômico, distribuição de renda e redução das desigualdades sociais.
Vamos ao debate!

Vicentinho é deputado federal (PT-SP)

Joao Cruzue disse...

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Uma justificativa meia boca.

Sua Excelência agora não faz mais parte da peãozada do ABC, por isso perdeu o senso de necessidade.

Em tempos de vacas magras (para ele) seu discursos seria outro. Seria capaz de fazer greve na porta do Congresso por um SM maior que R$600,00.

A justificativa não cola, vindo de um ex-trabalhador.

João.


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