quarta-feira, outubro 31, 2012

Como preencher o vazio da alma

.
João Cruzué

O vazio tem várias formas e duas origens. Eu sei que Deus pode falar ao seu coração através desta mensagem, tenha bom ânimo e esteja atento em todo o texto. O que vou escrever aqui, são experiências que tive com Deus e quero compartilhar com você. Deus criou você para ser feliz e ser uma bênção para todos que o/a rodeiam, se você está angustiado/a precisa ter um encontro com Ele.

A primeira
forma de vazio é a falta de algo dentro da alma, do coração, que não se pode ser preenchido com filosofia, sexo, religião, álcool, maconha, cocaína, crack, pornografia, antidepressivos, calmantes, viagens, namorados, futebol... nada. Ele vai sempre estar lá.

É uma tristeza
silenciosa, que pode se esconder até mesmo  atrás de uma "máscara" de um  sorriso. Sorrindo apenas por fora.

Tenho boas notícias!
No evangelho escrito por São João está registrado: " E Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome; e quem crê em mim nunca terá sede. João 6:35. E, no último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim e beba. João 7:37 .

Este tipo de vazio só pode ser preenchido por uma pessoa real: Jesus Cristo, o filho do Deus vivo.. Você deve convidá-lo pessoalmente para morar em seu coração. Isso pode ser feito da maneira mais direta e simples possível, isto é, convidando! Sobre este mesmo assunto, convido você a ler este texto: Como se reconciliar com Deus

Há uma segunda forma de vazio. Uma sensação de abandono espiritual. Está escrito: "Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu". Eclesiastes 3:1 . Então, há tempo em que você ora e Deus responde com bênçãos. Emprego, cônjuge, universidade, concursos, carros, promoções, vendas magníficas. Você está lá no alto do monte.

Para compensar
estas coisas, e, para saber se você ama a Deus apenas no "monte", pode acontecer que, de repente você comece a perder tudo. Amigos, emprego, cargos na Igreja, dívidas em sua empresa, problemas familiares... é a temporada no "vale", do fundo do poço. Aí, você se sente só. Desamparado, sem amigos. Sozinho.

Em passado
recente, você era querido(a) admirado(a). Agora todos o(a) desprezam. Isto é muito freqüente. Saiba que antes de você, muitos outros servos de Deus passaram pelo mesmo tipo de aflições. O Espírito não o abandonou, embora você não consegue sentir a presença dEle. Jó foi repreendido por Deus porque andou resmungando... reclamando, mas não murmurou.

Jesus teve a mesma sensação e orou: "Por volta da hora nona, clamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactâni? O que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Mateus 27:46 "

Quando estamos no "vale", o adversário costuma alimentar nossos pensamentos com sensações de tristeza e abandono. Não confie no que você estiver pensando. Aprenda a identificar a fonte maligna desses pensamentos e repreenda. O diabo é eficicente em seus ardis quando não é percebido, identificado. " Sujeitai-vos a Deus, e resisti ao diabo e ele fugirá de Vós" O melhor combate, nesta hora, é procurar um lugar íntimo e orar ao Senhor pedindo a vitória. Fiz assim durante um longo tempo de provação.

Cada dia é uma
nova batalha. Fique firme para vencer sua guerra. No tempo do vale, o adversário procura trazer a nossa mente, culpas e pecados do passado. Se eles já foram confessados a Cristo - já foram perdoados.

Aqui, cabe
quatro bons esclarecimentos para resolver problemas de consciência. Primeiro: Pecados praticados antes de ter aceitado Jesus como seu Senhor e Salvador, por favor, leia no blog "Curso Bíblico", no link acima citado, a mensagem "Como se Reconciliar com Deus". Segundo, pecado praticado sozinho e em oculto: o perdão pode ser pedido ao Senhor, e basta. Caso ainda se sinta desconfortável, converse com o Pastor da Igreja. Terceiro: pecado cometido envolvimento outra pessoa: este, não pode ser tratado apenas com Deus. Deve ser dito ao pastor da Igreja. Quarto: escândalos públicos, isto é, coisas que a comunidade fica conhecendo, solução: confesse diante da Igreja, em ocasião apropriada. Uma ilustração: Se o pneu do carro está furado, não adianta consertar a porta ou trocar o escapamento.

Jó foi constantemente acusado pelos "amigos" de que seu sofrimento era conseqüência de pecado. Mas não era. Por trás, o tempo todo, era o diabo que tinha inveja de Jó. Só Deus sabia disso e nunca falou para Jó. Em nenhum momento, Jó aceitou as acusações dos amigos, pois não encontrava em seu coração pecado de morte.

Esta temporada no vale vai passar. E, quando ela passar, você vai estar com sua fé fortalecida. O tempo no vale é permitido por Deus para ensinar a não confiar em nós mesmos, quando estamos lá no alto do monte.

. "Tudo posso naquele que me fortalece"

Também serve
para melhorar nosso caráter, temperamento, ensinar humildade. Serve para confortar os outros, que estão passando pelas mesmas dificuldades, com palavras de ânimo e inspiração. Como agora estamos fazendo.



Autoria: João Cruzué.
SP 26/05/2007....................................................................................................

terça-feira, outubro 30, 2012

Carta a um jovem universitário cristão

 . 
Alderi Souza de Matos* 

Caro irmão em Cristo, 
 
Você tem o privilégio de frequentar um curso superior, algo que não está disponível para muitos brasileiros como você. Todavia, esse privilégio implica em muitas responsabilidades e em alguns desafios especiais. Um desses desafios diz respeito a como conciliar a sua fé com determinados ensinos e conceitos que lhe têm sido transmitidos na vida acadêmica.

Até ingressar na universidade, você viveu nos círculos protegidos do lar e da igreja. Nunca a sua fé havia sido diretamente questionada. Talvez por vezes você tenha se sentido um tanto desconfortável com certas coisas lidas em livros e revistas, com opiniões emitidas na televisão ou com alguns comentários de amigos e conhecidos. Porém, de um modo geral, você se sentia seguro quanto às suas convicções, ainda que nunca tivesse refletido sobre elas de modo mais aprofundado.

Agora, no ambiente secularizado e muitas vezes abertamente incrédulo da universidade, você tem ficado exposto a idéias e teorias que se chocam frontalmente com a sua fé até então singela, talvez ingênua, da infância e da adolescência. Os professores, os livros, as aulas e as conversas com os colegas têm mostrado outras perspectivas sobre vários assuntos, as quais parecem racionais, científicas, evoluídas. Alguns de seus valores e crenças parecem agora menos convincentes e você se sente pouco à vontade para expressá-los. Para ajudá-lo a enfrentar esses desafios, eu gostaria de fazer algumas considerações e chamar a sua atenção para alguns dados importantes.

Em primeiro lugar, você não deve ficar excessivamente preocupado com as suas dúvidas e inquietações. Até certo ponto, ter dúvidas é algo que pode ser benéfico porque o ajuda a examinar melhor a sua fé, conhecer os argumentos contrários e adquirir convicções mais sólidas. O apóstolo Paulo queria que os coríntios tivessem uma fé testada, amadurecida, e por isso recomendou-lhes: “Examinem-se para ver se vocês estão na fé; provem a si mesmos” (2 Co 13.5). As dúvidas mal resolvidas realmente podem ser fatais, mas quando dão oportunidade para que a pessoa tenha uma fé mais esclarecida e consciente, resultam em crescimento espiritual e maior eficácia no testemunho. O apóstolo Pedro exortou os cristãos no sentido de estarem “sempre preparados para responder a qualquer pessoa que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês” (1 Pe 3.15).

Além disso, você deve colocar em perspectiva as afirmações feitas por seus professores e colegas em matéria de fé religiosa. Lembre-se que todas as pessoas são influenciadas por pressupostos, e isso certamente inclui aqueles que atuam nos meios universitários. A idéia de que professores e cientistas sempre pautam as suas ações pela mais absoluta isenção e objetividade é um mito. Por exemplo, muitos intelectuais acusam a religião de ser dogmática e autoritária, de cercear a liberdade das pessoas e desrespeitar a sua consciência. Isso até pode ocorrer em muitos casos, mas a questão aqui é a seguinte: Estão os intelectuais livres desse problema? A experiência mostra que os ambientes acadêmicos e científicos podem ser tão autoritários e cerceadores quanto quaisquer outras esferas da atividade humana. Existem departamentos universitários que são controlados por professores materialistas de diversos naipes – agnósticos, existencialistas e marxistas. Muitos alunos cristãos desses cursos são ridicularizados por causa de suas convicções, não têm a liberdade de expor seus pontos de vista religiosos e são tolhidos em seu desejo de apresentar perspectivas cristãs em suas monografias, teses ou dissertações. Portanto, verifica-se que certas ênfases encontradas nesses meios podem ser ditadas simplesmente por pressupostos ou preconceitos anti-religiosos e anticristãos, em contraste com o verdadeiro espírito de tolerância e liberdade acadêmica.

Você, estudante cristão que se sente ameaçado no ambiente universitário, deve lembrar que esse ambiente é constituído de pessoas imperfeitas e limitadas, que lidam com seus próprios conflitos, dúvidas e contradições, e que muitas dessas pessoas foram condicionadas por sua formação familiar ou educacional a sentirem uma forte aversão pela fé religiosa. Tais indivíduos, sejam eles professores ou alunos, precisam não do nosso assentimento às suas posições anti-religiosas, mas do nosso testemunho coerente, para que também possam crer no Deus revelado em Cristo e encontrem o significado maior de suas vidas.

Todavia, ao lado dessas questões mais pessoais e subjetivas, existem alegações bastante objetivas que fazem com que você se sinta abalado em suas convicções cristãs. Uma dessas alegações diz respeito ao suposto conflito entre fé e ciência. O cristianismo não vê esse impasse, entendendo que se trata de duas esferas distintas, ainda que complementares. Deus é o criador tanto do mundo espiritual quanto do mundo físico e das leis que o regem. Portanto, a ciência corretamente entendida não contradiz a fé; elas tratam de realidades distintas ou das mesmas realidades a partir de diferentes perspectivas. O problema surge quando um intelectual, influenciado por pressupostos materialistas, afirma que toda a realidade é material e que nada que não possa ser comprovado cientificamente pode existir. O verdadeiro espírito científico e acadêmico não se harmoniza com uma atitude estreita dessa natureza, que decide certas questões por exclusão ou por antecipação.

Mas vamos a alguns tópicos mais específicos. Você, universitário cristão, pode ouvir em sala de aula questionamentos de diversas modalidades: acerca da religião em geral (uma construção humana para responder aos anseios e temores humanos), de Deus (não existe ou então existe, mas é impessoal e não se relaciona com o mundo), da Bíblia (um livro meramente humano, repleto de mitos e contradições), de Jesus Cristo (nunca existiu ou foi apenas um líder carismático), da criação (é impossível, visto que a evolução explica tudo o que existe), dos milagres (invenções supersticiosas, uma vez que conflitam com os postulados da ciência), e assim por diante. Não temos aqui espaço para responder a todas essas alegações, mas perguntamos: Quem conferiu às pessoas que emitem esses julgamentos a prerrogativa de terem a última palavra sobre tais assuntos? Por que deve um universitário cristão aceitar tacitamente essas alegações, tantas vezes motivadas por preferências pessoais e subjetivas dos seus mestres, como se fossem verdades definitivas e inquestionáveis?

O fato é que, desde o início, os cristãos se defrontaram com críticas e contestações de toda espécie. Nos primeiros séculos da era cristã, muitos pagãos acusaram os cristãos de incesto, canibalismo, subversão e até mesmo ateísmo! Foram especialmente contundentes as críticas feitas por homens cultos como Porfírio e Celso, que questionaram a Escritura, as noções de encarnação e ressurreição, e outros pontos. Eles alegavam que o cristianismo era uma religião de gente ignorante e supersticiosa. Em resposta a esses ataques intelectuais surgiu um grupo de escritores e teólogos que ficaram conhecidos como os apologistas e os polemistas. Dentre eles podem ser citados Justino Mártir, Irineu de Lião, Tertuliano, Clemente de Alexandria e Orígenes, que produziram notáveis obras em defesa da fé cristã.

Em nosso tempo, também têm surgido grandes defensores da cosmovisão cristã, tais como Cornelius van Til, C. S. Lewis, Francis Schaeffer, R. C. Sproul, John Stott1 e outros, que têm utilizado não somente a Bíblia, mas a teologia, a filosofia e a própria ciência para debater com os proponentes do secularismo. Além deles, outros autores têm publicado obras mais populares acerca do assunto, apresentando argumentos convincentes em resposta às alegações anticristãs. Dois bons exemplos recentes são o livro de Lee Strobel, Em Defesa da Fé (www.editoravida.com.br), que possui um capítulo especialmente instrutivo sobre uma questão até hoje não aclarada pela ciência, ou seja, a origem da vida, e o livro de Phillip Johnson, Ciência, Intolerância e Fé (www.ultimato.com.br), cujo subtítulo já diz muito: “A cunha da verdade: rompendo os fundamentos do naturalismo”. É importante que você, universitário cristão, leia esses autores, familiarize-se com seus argumentos e reflita de maneira cuidadosa sobre a sua fé, a fim de que possa resistir à sedução dos argumentos divulgados nos meios acadêmicos.

Outra iniciativa importante que você deve tomar é aproximar-se de outros estudantes que compartilham as mesmas convicções. É muito difícil enfrentar sozinho as opiniões contrárias de um sistema ou de uma comunidade. Por isso, envolva-se com um grupo de colegas cristãos que se reúnam para conversar sobre esses temas, compartilhar experiências, apoiar-se mutuamente e cultivar a vida espiritual. Muitas universidades têm representantes da Aliança Bíblica Universitária (ABU) e de outras organizações cristãs idôneas que visam precisamente oferecer auxílio aos estudantes que se deparam com esses desafios. Não deixe também de participar de uma boa igreja, onde você possa encontrar comunhão genuína e alimento sólido para a sua vida com Deus.

Em conclusão, procure encarar de maneira construtiva os desafios com que está se defrontando. Veja-os não como incômodos, mas como oportunidades dadas por Deus para ter uma fé mais madura e consciente, para conhecer melhor as Escrituras, para inteirar-se das críticas ao cristianismo e de como responder a elas, para dar o seu testemunho diante dos seus professores e colegas, por palavras e ações. Saiba que você não está só nessa empreitada. Além de irmãos que intercedem por sua vida, você conta com a presença, a força e a sabedoria do Senhor. Muitos já passaram por isso e foram vitoriosos. Meu desejo sincero é que o mesmo aconteça com você. Deus o abençoe!

Nota:
1. Entre os livros de John Stott, leia Por Que Sou Cristão , recém-lançado pela Editora Ultimato.

*Alderi Souza de Matos é doutor em história da igreja pela Universidade de Boston e historiador oficial da igreja Presbiteriana do Brasil.

cruzue@gmail.com

.

segunda-feira, outubro 29, 2012

O processo de secularização

 .
Celuy Roberta Hundzinski Damásio*

"O problema da secularização persiste em toda a Europa e vem, cada vez mais, tornar-se assunto de primeira ordem. Para compreendermos melhor a forte secularização européia é interessante olharmos a historia: o espírito das luzes e da Revolução Francesa do século XVII. A Europa conheceu um anti-clericalismo violento que, enfaticamente na França, deveria “esmagar a Igreja”, como disse Voltaire. Os meios intelectuais propagaram essas idéias voltadas, sobretudo, para a economia. Quando a escola tornou-se obrigatória, sendo função do Estado central, as crianças foram encharcadas dessa inteligência secularizada.

O termo “secularização” já aparecia nos escritos neotestamentários do apostolo Paulo designando sob o aspecto “saeculum”, o século[1]: trata-se da temporalidade deste mundo, a dimensão mundana da vida humana, associada à dimensão do pecado. Compreende-se assim, que a expressão “retornar ao século” significa retornar ao mundo profano, identificando-se desta forma, com a laicização. Mais globalmente, a secularização designa o processo visível desde o final da Idade Média que vê atividades ou dimensões da vida humana ligados à esfera religiosa como a Arte, a Ética, a Moral ou a Política cortar-se de toda referência ao sagrado ou transcendência. Hoje, a expressão secularização é usada para definir um processo no qual o mundo e a história humana se compreendem a partir deles mesmos, de maneira propriamente imanente.

Foi, em 1922, na obra Teologia Política de Carl Schimitt que o termo “Säkularisation” aparece pela primeira vez: um neologismo alemão baseado no francês “sécularisation”, indicando a translação política moderna de noções provindas da teologia e reinvestidas no vocabulário da vida política. Em 1941, Martin Heidegger começou, também, a fazer uso desse termo, estimulando sua propagação.

Desde que os homens conquistaram o mar e começaram a fazer grandes viagens, as sociedades puderam ser comparadas umas às outras, fazendo com que houvesse um maior questionamento sobre sua organização. Os séculos XVII e XVIII foram herdeiros dessa racionalização progressiva do pensamento social. Nessa época, triunfam a filosofia das luzes e o pensamento racionalista e individualista moderno; as artes e as ciências emancipam-se progressivamente da tutela da Igreja. O estado moderno se constrói centralizado e burocrático.

Com essa mudança epistemológica, filosófica, política e social, a religião se torna um objeto a ser pensado, podendo ser representada como uma realidade positiva, relativa, histórica, como uma construção institucional ligada a um conjunto doutrinal abstrato, controlando as práticas, impondo normas.

Esse processo desenrolou-se lentamente, com elementos que influenciaram desde o século XIV, relativizando valores que caracterizam nosso universo racional e intelectual no qual as religiões – na Europa, sobretudo o cristianismo – foram perdendo sua credibilidade.

Segundo o sociólogo D. Hervieu-Léger, a secularização é o impacto da modernidade – em diferentes níveis: econômico, social, político, intelectual, simbólico, etc. – sobre a religião ou mais exatamente, sobre a configuração tradicional das relações entre a religião e a sociedade.

Ela envia, primeiramente, a um fenômeno jurídico-político: a separação das Igrejas e do Estado. Com todas as transformações, o Estado moderno, temendo perder a soberania, não tolera o domínio da instância religiosa, mas quer estreitar juridicamente, suas relações com ela, a fim de proteger sua independência. A secularização designa igualmente, a localização da religião fora da esfera pública, e seu limite ao domínio privado. Enfim, ela remete a um processo de laicização pelo qual as diversas instituições sociais conquistam sua autonomia dotando-se de ideologias, referências e regras próprias.

Não importa em que domínio, a religião entra em concorrência com uma nova visão do lugar do homem num mundo a conquistar e a organizar. Como a Igreja, que era a peça mestra do dispositivo de socialização e do controle social das sociedades do passado, perde essa função, aí, o conceito de secularização pode, extensivamente, designar a perda de influência da religião na sociedade.

Com isso, foram-se criando movimentos religiosos, que desvinculavam-se, total ou parcialmente, dos grandes sistemas religiosos tradicionais. Pois, houve uma liberação formal de profissões da fé. Juntamente com o enfraquecimento da religiosidade clássica veio o retorno ao sagrado, por essas novas correntes que ao invés de contradizer o movimento geral de secularização das sociedades vêm atuar como seu prolongamento: exprime ao mesmo tempo um protesto contra a incerteza devida à crise da mudança, e um tipo de religiosidade compatível com a nova sociedade.

Félicité de Lammennais (1782-1854)- juntamente com Louis de Bonald e Joseph de Maistre – já questionava se a Igreja deveria ou não adaptar-se à sociedade em torno dela, e em seu conjunto sua resposta era, preferencialmente positiva, entretanto suas idéias foram condenadas por excesso, em 1832, pelo papa Gregório XVI; decepcionado, ele abandona a Igreja. Isso ocasionou a “descristianização” do mundo operário, mas suas idéias com relação à liberdade, independência e pobreza, foram mais tarde, retomadas por seguidores mennaisianos.

O que houve, durante todo esse percurso, foi a descentralização do poder das instituições religiosas clássicas, não significando o desaparecimento das Igrejas tradicionais. Esse poder foi transferido para o Estado, que denomina-se leigo. Aí cabem os questionamentos mais difíceis de serem respondidos: como pode o Estado ser leigo se não é constituído 100% por pessoas leigas? Quero dizer com isso que há uma profissão de religiosidade persistente nas pessoas que constituem o Estado, ainda que essa profissão seja dissimulada ou personalizada: 63% dos suecos designam-se “cristãos à sua maneira”, essa realidade estende-se por toda Europa e não atinge, somente, o cristianismo.

Há uma dificuldade geral em separar o cultural do religioso, o que não devemos estranhar, pois o homem é um todo e não partes. Assim sendo, o parlamento, para ser laico, deveria ser composto somente de pessoas laicas, o que ocasionaria um processo discriminativo. Somente suprimir os signos religiosos em lugares públicos não interfere na formação individual de cada ser humano. Não proporcionando, desta maneira, a verdadeira laicidade estatal.

Porém, penso que o grande problema hodierno, mas fruto de todo esse processo, é a secularização ou a laicização por conveniência. Há um grande número de atitudes tomadas em nome da secularização que atinge interesses próprios de cada linha política. E há, também, o lado anti-secularização que atua em benefício próprio. Não quero afirmar, aqui, que todas as resoluções ou causas têm esse intuito, mas temos vários exemplos disso.

Estamos, na França, em plena discussão sobre o feriado de pentecostes. Foi suprimido o dia de folga sendo alegado que a lei que instaura um dia de solidariedade – adotada pelo parlamento em 30/06/2004 – permitirá financiar os cuidados às pessoas idosas pela “Sécurité Saciale” – Segurança Social (Saúde Publica). Entretanto, várias empresas privadas conservarão o feriado, compensando com um minuto a mais de trabalho por dia.

No início, a discussão para a abolição do feriado era que fosse suprimida uma comemoração religiosa, por causa da laicidade. O foco, agora, converteu-se para o dinheiro público, e as discussões sobre o assunto, não abordam somente a secularização. Além do mais, falava-se na época em que a lei foi votada, em um feriado para outras profissões religiosas. O que seria a laicidade, nesse caso?

Sabemos que em toda essa problemática, mora o risco de transformar ciência em cientificismo, laicidade (sentido nobre do reconhecimento da divergência dos sistemas de crenças) em laicismo (utilização do espaço público para desvalorizar ou ridicularizar as crenças), da mesma maneira que pode-se degenerar o Estado em estadismo. Todos esses desencadeamentos voluntários descartam as religiões, tentando mesmo, destruí-las.

O problema não está na separação da Igreja e do Estado, mas na maneira como se faz e nos objetivos que levam a isso. Há uma acomodação em cima de teorias, até bem fundadas, que levam os poderes a fazer o que bem quiserem de acordo com o que lhe é mais conveniente. Esse lado da questão deve ser bem tratado, averiguado e detectado por todo cidadão para que seja, no mínimo, denunciado. Sobretudo, não devemos ignorar que o ser humano não é somente composto pela sociedade ou pela religião, pelo intelecto ou pelo sentimento, e que tanto uma faceta quanto à outra, compõem o Estado, bem como a Igreja. Não há discordância que não possa ser discutida e superada, desde que ambos os lados estejam despojados da ganância e do interesse próprio. Utópico? Eu diria: difícil, mas não impossível".

*Doutora pelo Institut Catholique de Paris e Université Marne-la-Vallée -Revista Espaço Acadêmico


Read more: http://olharcristao.blogspot.com/2008/08/o-processo-da-secularizacao.html#ixzz2AjMZvdMY




domingo, outubro 28, 2012

Quando há dúvidas do caminho a seguir


Dois caminhos

Gilberto Horácio

 http://gilbertohoracio.blogspot.com.br/
 
Esta semana, a caminho do trabalho, alguém me perguntou a direção de um  determinado hospital.  Informei a esta pessoa que bastaria que ela virasse à esquerda na primeira rua e à direita na rua seguinte e chegaria no local que procurava. Ela já estava bem próximo de seu destino, mas não sabia disto. Neste momento, continuando minha caminhada, pensei:  - “Se eu tivesse informado o caminho errado a esta pessoa, mesmo estando tão perto de chegar, ela poderia ter se distanciado ainda mais.” Ela precisou confiar em mim, e seguir exatamente a orientação que lhe dei.

Tomé, um dos discípulos de Jesus, certa vez,  também teve dúvidas sobre o caminho a seguir. Jesus lhes falava sobre o futuro, sobre o fato de em breve deixar este mundo físico e voltar para os céus. Tomé não entendeu de forma clara e fez ao mestre a seguinte indagação: “Senhor, nós não sabemos para onde vais; e como podemos saber o caminho?” Logo lhe respondeu Jesus: “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida;” (João 14. 5, 6).

A resposta de Jesus a Tomé, foi o que me veio à mente naquela manhã em que eu caminhava para o trabalho. “Jesus é o caminho a seguir”. E Jesus é o caminho a seguir porque ele jamais ensinaria um caminho errado para que eu me distanciasse ainda mais de meus objetivos e metas. Porque Ele é a verdade posso confirar em suas palavras. Provérbios capítulo 14, versículo 12 diz que “há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte.”  

Quantas pessoas estão andando em caminhos que parecem direito mas o fim deles são caminhos de morte. Há pessoas que por não conhecerem o caminho correto foram orientadas e guiadas por pessoas erradas que lhes apresentaram um caminho errado. Tão próximas da vida, da salvação, de chegarem ao alvo que é Cristo, da felicidade e  da eternidade nos céus, se enveredaram por caminhos errados baseados nas orientações equivocadas de “estranhos” inconfiáveis.

Cuidado com os caminhos pelos quais você tem andado meu irmão, minha irmã. Cuidado com as pessoas que lhe apresentaram estes caminhos. Cuidado com aqueles que até parecem conhecer o caminho, pela segurança com que falam, mas na verdade não conhecem para onde eles mesmos estão caminhando.

Em um mundo em que temos que fazer escolhas a todo o momento, que possamos ter a humildade, a intrepidez, ousadia, sinceridade e preocupação de Tomé. A decisão de tomar todos os cuidados para não errar o alvo. Em qualquer de nossas dúvidas, que possamos dizer: “Senhor, como posso saber o caminho?" "Vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno. (Salmos 139. 24) 


sábado, outubro 27, 2012

PT ganha a Prefeitura de São Paulo com Haddad

.
João Cruzué

Domingo, 28 de outubro de 2012. Pela terceira vez nos últimos 23 anos o PT conquista a Prefeitura do Município de São Paulo. A diferença ficar na casa de 12%. A eleição deve ser tão "interessante" que a quantidade de abstenções, votos brancos e nulos deve somar a mesma quantidade do candidato  José Serra.

Postagem feita no dia seguinte: Haddad teve 3.387.720 votos. Jose Serra:  2.708.768. Abstenção, brancos e nulos: 2.522.682 votos. Eleitorado de São Paulo: 8.619.170. Porcentagens: Haddad: 39,30%, Serra: 31,43% e não votaram:  29,27%.

Os paulistanos estavam cansados da mesmice. Desde 2005 a dupla Serra-Kassab está por aqui. Curiosamente, sai um "turco" e entra outro. São Paulo ama os "turcos". De 1982 para cá, foram 04: Salin Curiati, Paulo Maluf, Gilberto Kassab e Fernando Haddad - todos eles - são filhos ou netos de libaneses.

O que definiu esta eleição foi o desejo da população por  mudanças. Gilberto Kassab não foi um prefeito ruim, mas seu jeito de governar cansou. Foram quase 07 anos de uma longa alcadia; ninguém ainda  ficou mais tempo que ele.

Fernando Haddad chega à Prefeitura de São Paulo para exercer seu primeiro cargo  executivo. Ele mal vai ter tempo para comemorar. Um dia após o resultado das eleições, já será herdeiro de todos os buracos, do trânsito infernal e do Centro mais imundo de uma Capital Brasileira.

O Centro e a Periferia da Capital estão literalmente abandonados. A diferença é que a periferia não fede tanto quanto a região do Pateo do Colégio e da Praça da Sé. Estive dentro da Estação Sé do Metrô, outro dia e um vento vindo de fora trazia  aquele horrível fedor de m.  Passo sempre pelo Pateo do Colégio quase todo dia, e os caminhões pipas estão esguichando água nas calçadas para lavar urina e fezes de uma meia dúzia de moradores de rua que insistem em fazer suas necessidades na região.

A periferia de São Paulo está abandonada há mais tempo, tanto pela Prefeitura quanto pelo Estado. Não se vê uma obra pública. A única presença constante e visível do Estado ali,  se dá  pela coleta de lixo da prefeitura.  E como não há espaço para colocar lixo, ruas e praças se transformam em verdadeiros lixões e botaforas, onde ratos, gente, cavalos e cães disputam comida e lixo reciclável.

Vejo com muito interesse  as propostas de campanha para a área da Saúde. Na teoria as AMES e AMAS são uma beleza. Como meu trabalho indiretamente observa esta área fui, outro dia, verificar a eficiência do Sistema. Estive em um AME, e lá, coloquei meus óculos sobre a mesa da recepcionista e disse que gostaria de fazer um exame de vista. Senhor, disse-me ela, primeiro é preciso ir até uma UBS para marcar a consulta. Uma AME pratica atendimentos de porta fechada, ou seja, apenas são atendidos ali que marcou consulta em uma Unidade Básica de Saúde. A média de espera para o caso de um consulta no oftalmo é de 60 dias.  É difícil resolver o problema da saúde porque os profissionais da saúde - os Médicos - são raros. Formar um filho em medicina hoje, deve custar de 3 a 5 mil reais por mês.  Como a proposta petista é  dar um tempo nas Organizações Sociais, se isto for mesmo verdade, cuidar da saúde em São Paulo pode regredir.

Por tradição o PT investe mais em Educação Básica na Capital. Luiza Erundina  trouxe Paulo Freire para São Paulo no começo dos 90s. Estava começando o MOVA, movimento de alfabetização de adultos. Eu dei aula dois anos no Mova.  Ex-alunos meus já se formaram em curso superior. Marta Suplicy financiou com recursos do município a formação em Magistério e Pedagogia para professoras e cuidadoras de crianças do prezinho.

Haddad já vem com experiência da área de Educação Federal. Vem de família de comerciantes, se formou na USP. Se ele quiser mesmo trabalhar quem sabe se não engrena muitos cursos técnicos  para a juventude da periferia, para que o conhecimento a afaste do tráfico de drogas.

Eu não sou eleitor de Haddad. Voto em Serra. Mas, tão logo os votos sejam contados  e as urnas falem, minhas oraçoes e minha torcida são para que ele seja próspero na Prefeitura Paulistana. São Paulo precisa de prefeitos mas animados, mais  sonhadores, mais realizadores e que invistam onde a pobreza está. Infelizmente a miséria e a pobresa são exploradas pelo tráfico de drogas. E por causa do lucro no comércio das drogas as pessoas matam e morrem.

Parabéns  Haddad. Você tem minhas orações. Mas,trabalhe muito, pois o PT não tem tido sorte nas reeleições paulistanas. Aqui o povo costuma se cansar de um Alcaide em apenas quatro anos.




Cafe com Jesus XI

.
Meditação na Carta de Paulo aos Filipenses
.
Café expresso Maranata
 -----------------------------------------------------------------
"Ensina-nos a contar nossos dias, 
de tal maneira que alcancemos corações sábios"
 Salmo 90:12.
-------------------------------------------------------------------

João Cruzue
 
Mais uma vez eu tenho a oportunidade de meditar com você  um texto da Bíblia com o título: "Café com Jesus". Nem todos sabem, mas a sugestão deste título veio de um momento muito especial de oração. Eu tinha acabado de me levantar e preparava uma xícara de café com leite, antes de sair para o trabalho. Sabe, aquelas xícaras grandes de porcelana? Bem, eu fui até a sala e dobrei meus joelhos junto ao sofá e, enquanto tomava meu café, falava com o Senhor. Daí o sugestivo nome - Café com Jesus.  

Hoje, abri minha velha Bíblia na Carta aos Filipenses. Como meu versículo favorito vem dessa carta,  sem nenhuma cerimônia vou dizer que ela  mostra um apóstolo solitário - mas não abandonado - buscando encorajar novos convertidos à beira do desânimo em meio ao fogo cruzado do judaísmo e da  visão terrena dos obreiros da Igreja.

Paulo estava preso em Roma. Aquele Paulo ousado, cheio da graça, o apóstolo que falava nas línguas do espírito, que sacudia víboras no fogo e levantava cochos de nascença, na verdade estava encorajando outros, mas contava os últimos dias, na curva final da maratona da vida cristã. Ele não sabia, nem qualquer cristão contemporâneo soube que o record daquela prova até hoje não foi batido. 
Lendo a Carta aos Filipenses, posso sentir que o inferno inteiro estava agitado em oposição àquele homem. Uma das pistas aparece no v. 13: "De maneira que as minhas prisões em Cristo foram manifestas por toda guarda pretoriana e por todos os demais lugares". Aonde Paulo chegava, a presença de Deus ia com ele e incomodava o diabo. Sim, as pressões espirituais malignas estavam em ação para impedir o cumprimento da profecia que o Senhor Jesus falou em Damasco aos ouvidos de Ananias: "Vai, porque este é para mim um vaso escolhido para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis, e dos filhos de Israel".

Se Paulo cedesse ao desânimo, ficasse deprimido, ele perderia o foco nas orações. Seu combate mais aguerrido naqueles dias não eram contra a carne, mas contra as hostes espirituais da maldade. Naqueles dias em que se sentia só, e Deus parecia em silência - como nos últimos dias de Jesus - os ouvidos de JEOVÁ estavam mais atentos do que em qualquer outro tempo. Assim com a oração de Ananias foi eficaz, eficiente e efetiva na vida de Paulo, este agora também podia orar com os mesmos resultados. Tenho para mim que as orações de Paulo naqueles dias de prisão foram potencialmente mais eficazes, eficientes e efetivas porque Ananias orou por Paulo, mas Paulo orou pela salvação de  todos os gentios da terra da sua época e do futuro. Suas orações deram resultado na minha vida.

"E peço isto: que o vosso amor aumente mais e mais em ciência e em todo o conhecimento, para que aproveis as coisas excelentes, para que sejais sinceros e sem escândalo algum até ao Dia de Cristo. Cheios de frutos da justiça, que são por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus" Fil. 1:9-11.

Amor com entendimento. Amor com o discernimento da vontade de  Deus. Dessa forma se pode ver a diferença entre o que é corrupto e o que agradável a Deus. Um marco de referência em retidão e sinceridade, para não se deixar enganar e levar em canoas de escândalos e mensalões da vida.

Quando aplico estes três versículos de Paulo com luz para iluminar os porões espirituais deste Brasil tenebroso, posso dizer que a maior parte das lideranças  da Igreja brasileira está se deixando enrodilhar pela astuta serpente como foi nos dias de Eva. A diferença é que naquele tempo o que estava sendo vendido era a "pedra do conhecimento" e hoje é a "pedra do poder." O diabo não vai mais aparecer abertamente como fez diante de Cristo, mas camuflado de todas as formas - para tirar o foco principal da vontade de Deus em nossos dias.

Paulo estava cercado de grades e decretos, mas a sua mente e a sua boca estavam livres para principalmente ORAR com ciência e com sabedoria. O que não está acontecendo hoje, aqui no Brasil. Há toda sorte de preocupações, engodos e eventos que vem tirando a paz dos cristãos para que eles não tenham mais tempo para ouvir o que Deus está dizendo.

Qual é o foco da vontade de Deus hoje? 
   É a eleição de prefeitos? 
   É o "kit gay"? 
   Os filmes do crepúsculo?
   As doenças?
   A cadeia aos mensaleiros?
   A língua grande do Pastor Silas?  
   A derrota do José Serra?

Qual é o foco da vontade de Deus hoje - para a minha vida e para a sua?

Paulo foi chamado e enviado para um propósito específico. E cada um de nós tem um propósito específico de Deus para fazer no tempo e no espaço. E a razão do desânimo e infelicidade de tanta gente, inclusive cristãos, é a perda de tempo com muitas coisas inúteis. E porque  estamos assim? Porque estamos fazendo coisas ou deixando de fazê-las porque estamos focados no alvo errado. Achamos que está tudo bem, mas aquela perda de alegria está sempre crescendo... Se a alegria com as coisas de Deus está indo embora, não É PORQUE OS PASTORES E BISPOS das Igrejas são homens réprobos e cheios de avareza. Uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa. E eles chegaram a tanto porque desenvolveram  um mau olhar focado SOMENTE para o lado ruim das coisas.

Paulo não estava focado na sua prisão domiciliar. Ele se via livre para fazer o que Deus queria a cada minuto. A prisão lhe dava saudades dos irmãos. Quando ele escreveu "Nada façais por contenda, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo, de sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus. Fazei todas as coisas SEM MURMURAÇÃO NEM CONTENDA". Sem se sentar na cadeira dos CRÍTICOS."... Para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma GERAÇÃO CORROMPIDA e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo. 

 "Retendo a palavra da vida, para que no dia da minha  prestação de contas a Cristo, possa gloriar-me de não ter corrido nem trabalhado em vão" Fil. 2:16.

"E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus." Fil. 4.17.

"Posso todas as coisas naquele que me fortalece" Fil 4:13.

"E uma coisa faço, e é que me esquecendo das coisas que para trás ficam e avançando para as que estão adiante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus" Fil. 3: 13b-14.
Conclusão: Preso, mas livre. Sozinho, mas não abandonado. Odiado, mas não odiava. Foi considerado um derrotado, mas há 2000 anos é o maior missionário de todos os tempos. Morreu pobre: Seus bens pessoais se resumiam  a uma capa e os pergaminhos, ou seja, um "paletó" e uma "Bíblia". Ficou sozinho nos dias de seu julgamento. Combateu o bom combate, acabou a carreira, mas guardou a fé. Muito disciplinado, deveria orar muito bem. Eu posso vê-lo, apresentando  a Deus cada cidade, Igreja, amigo, apóstolo; cada conhecido diante de Deus, cada doente,  fraco na fé, novo convertido. A família de César, o centurião da guarda - Nome por nome. Eu não estaria divagando se dissesse que Paulo deveria dormir orando. 

É isto que gostaria de trazer neste nosso  café com Jesus: não podemos perder a sensibilidade espiritual. Não podemos perder o foco na oração. A humildade pela presunção. A graça pela corrupção. A oração pela internet. A Bíblia pelos livros do crepúsculo. O Espírito Santo por vampiros. A vocação espiritual pela política. A presença de Deus pelo dinheiro. A disciplina e o foco na oração não podem ser mudados. Se isto acontecer, todos nós seremos críticos e hipócritas ao mesmo tempo.

A paz do Senhor,  

Irmão João.

 17.10.2012





quarta-feira, outubro 24, 2012

O profeta de Deus em época de crise

.
Pastor Maurício Price*


''Eis que hoje te ponho por cidade fortificada, por coluna de ferro, e por muros de bronze, contra todo o país; contra os reis de Judá, contra os seus príncipes, contra os seus sacerdotes e contra o seu povo. Pelejarão contra ti, mas não prevalecerão; porque eu sou contigo, diz o Senhor, para te livrar...se apartares o precioso do vil, tu serás a minha boca'' Jr 1.18-19 , 15.19

        O profeta Jeremias viveu numa época de intensa crise moral e espiritual em Judá. O período abrangido pelo livro de Jeremias é estimado em 67 anos, período este cheio de acontecimentos e revelações de Deus ao seu povo através do profeta. Em torno  do ano 647 a.C., o 13.° ano do reinado do rei Josias de Judá,  o Senhor Deus  comissionou o jovem sacerdote Jeremias, que também era filho do sacerdote Hilquias, de Anatote, uma cidade reservada aos sacerdotes, no interior, ao norte de Jerusalém. Aprouve ao Senhor Deus o elevar ao ministério profético naquele tempo turbulento e perigoso.

        É importante ressaltar que o avô do rei Josias, que temia a Deus, cujo nome era Manassés, induziu o povo a praticar horríveis rituais demoníacos e orgias, de maneira que estava habituado a oferecer incenso à "rainha dos céus" e sacrifícios humanos a falsos deuses. Manassés, como líder político, contaminou Jerusalém com sangue inocente, conduzindo o povo às catástrofes espirituais e morais resultantes do terrível pecado da idolatria. Pense nisso.

         Desta forma, a missão de Jeremias não era fácil. Na qualidade e na autoridade de profeta de Deus precisava anunciar tanto a desolação de Judá e de Jerusalém, como também a destruição do templo de Deus que seria incendiado, e ainda que seu povo seria levado ao cativeiro. Haja coragem ! Haja determinação!  Haja unção! O jovem profeta havia de continuar o seu ministério em Jerusalém por 40 anos, durante os reinados mal-sucedidos dos  reis Jeoacaz, Jeoiaquim, Joaquim (Conias) e Zedequias. Ainda mais tarde, no Egito, teve de profetizar contra as idolatrias dos judeus refugiados que ali se encontravam. Seu livro foi completado em 580 a.C.

        Confesso que estou convicto que Deus precisa urgentemente de vozes proféticas também em nossa geração. Quando a Igreja caminha de forma sadia na fé e na verdade da Palavra de Deus, seus pastores e mestres, exercem discretamente e silenciosamente as atividades regulares da Igreja do Senhor. Entretanto, toda vez que o povo de Deus é incitado a se desviar da sã doutrina, Deus precisa urgentemente comissionar líderes de sua Igreja, que se coloquem na estreita brecha em favor de seu povo. Geralmente, estas vozes ecoam alto no mundo, atraindo ódio, inveja e discriminação. São as vozes proféticas em épocas de crise. São os atalaias de Deus cujas vozes ecoam e influenciam cidades, estados e nações inteiras. Pense nisso.

         Recordo-me da voz profética de um dos arautos do Evangelho e destemido pregador avivalista, George Whitefield, quando lembra a Igreja do seguinte:

''Deus não pode enviar a uma nação ou a um povo maior bênção do que dar-lhes ministros fiéis, sinceros e retos, assim como o maior anátema que Deus possa dar ao povo deste mundo é dar-lhes guias cegos, não-regenerados, carnais, mornos e ineptos.''

         A História nos ensina que o profeta Jeremias, como atalaia de Deus,  proclamou destemidamente uma mensagem bombástica a um povo ímpio e irreverente.Observando a realidade do Cristianismo em nosso Brasil posso chegar também a uma honesta e sincera conclusão: estou horrorizado com grande parte desse '' mundo evangélico ''! Aliás, essa denominação de ''evangélico'' já era! Você sabe muito bem disso ! Biblicamente, prefiro usar a expressão '' cristão'' para aquele que é crente de verdade e da verdade, como era desde o princípio quando lemos: ''em Antioquia foram os discípulos pela primeira vez chamados cristãos'' At 11.26. Isso mesmo, meu amigo(a):'' cristãos'', que significa   ''pequenos Cristos'', isto é, '' imitadores de Cristo.''

          Hoje, existem ''evangélicos'' que disfarçadamente e malignamente se utilizam do Evangelho para  manipularem e abusarem das ovelhas de Cristo, ao invés de serví-las. Aparentemente são sinceros em suas atividades religiosas, porém os ''bastidores'' e intenções são bem diferentes. Acorda Brasil ! Acorda Igreja ! É bem possível que hoje tenhamos o maior índice de pessoas freqüentando templos religiosos no Brasil, com o mais baixo e medíocre índice de espiritualidade de todos os tempos. É hora de mudança e transformação em nosso país. Oh, Senhor Deus, sopra o Teu Espírito sobre essa nação !

          Portanto, entendo que o Rio de Janeiro, o Brasil e o mundo precisam urgentemente de vozes proféticas em épocas de crise, pois assim diz o Senhor: ''o profeta que tem sonho conte-o como apenas sonho; mas aquele em quem está a minha palavra, fale a minha palavra com verdade.'' Jr 23. 28.

Aviva Senhor a Tua obra!  Ele espera por você! Aleluia!

No amor de Cristo,   Pastor Mauricio Price


www.mauricioprice.com.br / mauricioprice@gmail.com 



Missionário e médico. Ministro do Evangelho filiado a Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB). Presidente do Diretório Estadual no Rio de Janeiro e Conselheiro Nacional da Sociedade Bíblica do Brasil(SBB). Membro da Academia Evangélica de Letras do Brasil(AELB). Evangelista, radialista e escritor.






segunda-feira, outubro 22, 2012

A oração que funciona

.

Bendito seja Deus, que não rejeitou a minha oração, 
 nem desviou de mim a sua misericórdia. 
(Salmo 66:20)

João Cruzué

No Evangelho, vemos o desejo dos apóstolos de aprenderem orar. Eles pediram: Senhor, nos  ensine a orar. E então, Jesus lhes ensinou bem simples e objetiva: "Pai nosso que estais no céu..." Há muitos ensinos sobre oração e não tenho a pretensão de inventar a roda. O que vou dizer é fruto de minhas experiências com Deus. Quem sabe pode ser útil para você.

Vou começar, repetindo o Pastor David Wilkerson, que passou para o Senhor em junho do ano passado. Em um de seus livros, ele escreveu que por muito tempo ele orava, e a resposta vinha a seguir. Era uma comunhão maravilhosa com Deus.

Todavia, houve um tempo que estas respostas minguaram. O pastor orava, e passava vergonha diante da Igreja, porque Deus se mantinha em silêncio.  
 
E, cansado de passar vergonha, um dia ele  ficou muito sensível e desabafou com Deus: Pai, o Senhor não está sendo justo comigo. Antes, eu orava e vinha resposta. Agora, eu oro, jejuo, derramo lágrimas na oração, falo em línguas estranhas - e o Senhor fica completamente mudo. Desse jeito, minha fé em vez de crescer vai se acabar, porque eu já estou passando vergonha diante da Igreja há um bom tempo...

E foi nesse dia, que a voz do Espírito Santo falou ao coração de David Wilkerson: Filho, qualquer um que orar e em seguida receber a resposta da sua oração, não vai precisar de fé.  E completou: a sua fé cresce, enquanto espera com paciência pela resposta da sua oração.

Não foi exatamente com estas palavras, mas eu nunca me esqueci delas. A fé do cristão cresce enquanto ele persevera esperar pela resposta. Pela vontade de Deus.

Teve um tempo em minha vida que fiquei 11 anos desempregado. E a minha fé tinha alterações cíclicas. Ora estava lá em cima, ora, lá embaixo. E muito fragilizado, procurei por três irmãs consagradas que eram muito usadas em profecias.  E o curioso, é que uma dizia uma coisa,  que não batia com o que as outras diziam. Mas teve uma que era mesmo usada por Deus.

Quer saber quando veio a resposta?  Depois de uns sete anos. E eu concluí que não adianta buscar profecias e profetas para lhe dizer que o Senhor vai lhe abençoar, SE o tempo desta resposta você espera que seja para JÁ, o profeta não sabe para QUANDO e você acaba esperando seis ou sete ANOS.

 Foi dessa forma que eu entendi que a oração que funciona é a sua oração feita de forma solitária com Deus. Jesus fazia isto. Os apóstolos iam para casa, e ele subiu ao monte ou ao deserto para ficar a sós com Deus. Isto tanto é verdade, que se eles orassem junto com o Senhor, não iriam pedir para que lhes ensinasse a orar.

Jesus sustentava sua comunhão com o Pai, através da oração solitária. E não era oração de 10 minutinhos não. Dependendo do problema, o tempo de falar com Deus sozinho vai ser  maior ou menor, mas sem a oração entre você e Deus, a coisa não vai andar.

Ao ensinar sobre oração, durante o Sermão do Monte, o Senhor foi bem claro: "Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente." 

Até mesmo no dia de sua maior angústia, quando o Senhor estava com seus discípulos no Getsêmani, ele se afastou dos discípulos e orou sozinho.

 Pois bem, se alguém pensa que cinco minutinhos de oração antes do começo do culto já o suficientes para passar a lábia no Senhor, está muito enganado! Também, por outro lado, quem pensa que rezando um terço ou um rosário - repetindo 5 ou 15 "Padre Nossos", 50 ou 150 "Ave Marias" vai incomodar tanto o ouvido do Senhor que ele vai responder - também está longe da verdade!

Oração é como namoro. As palavras devem brotar do coração com sinceridade. Imagine se  quando eu amorava repetia 10 vezes a mesma conversa com a moça com quem estou casado há 29 anos... Ele teria me mandado passear por falta de assunto.

Você precisa arranjar um tempo diário - quando muito semanal - para estar diante da presença de Deus por um tempo maior, para falar com ele das suas mágoas, frustrações, necessidades, humilhações, impossibilidades... e tudo isso, depois de ser agradecido. De agradecer o que tem recebido do Senhor. Esta nova geração não tem costume de ser agradecida. Minha sugestão é que isto precisa ser aprendido. Primeiro "a gente"  deve se lembrar dos benefícios que recebemos do Senhor. Sim, às vezes nós demoramos a receber a bênção que precisávamos, porque ainda não aprendemos a ser MAIS agradecidos.

O SENHOR nos dá, para que nós humildemente lhe  possamos dizer: Muito obrigado, Senhor. E um fato foi muito marcante em minha vida quanto a este ponto. Eu fui no supermercado com o dinheiro contado para comprar meio quilo de café. E lá, comecei a ver dezenas de pessoas com seus carrinhos cheios de compras. E eu voltei para casa arrasado, pois, como já disse antes, passei por 11 anos de desemprego. E ao chegar em casa, olhei para aquele pacote de café, deixei os olhos molharem, e disse: Senhor abençoe este alimento. Muito obrigado por ele.

 Você é responsável pelo sucesso ou fracasso da sua vida. A competência de orar pelos seus problemas, família, emprego, doenças é principalmente sua. O que Deus quer ouvir de você, outra pessoa não poderá falar. Ou você ora, ou você ora!

 Li este assunto e ele é verdadeiro. A reposta da oração é como colocar o peso de um quilo no prato de uma balança, e cartões de visita no outro. Um cartão é muito mais leve que o peso de um quilo. Você vai orando. As pessoas que lhe conhecem, vão orando... Um dia, alguém vai colocar um cartão e o prato vai começar a subir. Digo isto, para não pensar que foi a oração de "A" ou de "B" é que foram ouvidas. Esta análise é muito superficial. Penso que cada cartão foi importante para levantar o peso de um quilo no outro prato da balança.

E antes de terminar quer abordar um fato muito curioso. Chegando ao final dos cultos, vejo alguns pregadores convidando as pessoas para ir à frente receber a oração. E vejo as mesmas pessoas ao longo de um ano inteiro indo à frente. O que é que está errado? Porque elas nunca recebem suas bênçãos?

Bem, talvez porque não fazem a parte que cabe a elas. Ou seja, de manter uma vida de oração. Não há nada de errado em pedir orações e orar por pedidos de orações. Mas quem deve bater na porta é quem precisa de socorro. E essa pessoa deve insistir batendo na porta. Ela precisa incomodar e mostrar que realmente precisa da sua bênção.

É esta oração que funciona. Mais uma coisinha. Às vezes, Deus não nos ouve, porque falta um "perdãozinho" aqui, conversar com um credor de dívidas ali, abandonar um vício de uma vez, ou aquele "pecadinho" acolá... Esta é a parte que temos que fazer.

Deus quer nos abençoar, mais do que nós temos interesse em pedir. Mas Ele não vai mover um dedo, se você não tomar as providências que só você deve tomar. Responsabilidade, sinceridade e vontade.

Eu deixei de dormir cedo, e estou aqui a quase duas da madrugada, porque alguém precisava ler esta palavra. Receba! E seja muito abençoado naquilo que está buscando diante do Senhor.