sábado, dezembro 14, 2013

De Ebenézer a Icabô


Icabô
João Cruzué
E veio o SENHOR pela quarta vez ao jovem Samuel e o chamou: Samuel, Samuel! E Samuel desta vez respondeu: Fala SENHOR, porque o teu servo ouve. E Deus mostrou a Samuel que os dias de sacerdócio de Eli, e de seus dois filhos Hofni e Fineias estavam contados. E que Ele, o SENHOR, não mais aceitaria sacrifício nem ofertas de manjares para expiação dos pecados deles. Basta! deve ter dito o SENHOR. De Ebenézer a Icabô. Foi assim que o sacerdócio da Casa de Eli, uma Casa omissa e corrupta chegava ao fim, porque achavam que poderiam pecar à vontade.

Receber um ministério profético de Deus é o maior privilégio que um homem pode ter, depois de sua salvação. Um em muitos milhões. Muitos podem ser escolhidos para exercer liderança em várias posições neste mundo, seja pela autoridade do voto ou do mérito. Mas receber o ministério profético das mãos de Deus para liderar Israel, nos tempos de ELI era muita honra.

Não sabemos como foi o começo do ministério de Eli, pois a Bíblia se reporta a ele já no seu ocaso, como uma introdução para falar em que situação estava a Casa de Deus antes do ministério de Samuel. Creio, sinceramente, que Eli tenha começado com fidelidade, com empenho e com santidade.

O tempo passou. Vieram os filhos. E também veio o tédio ministerial, o fazer as cerimônias mecanicamente. A velhice chegou e os jovens filhos de Eli, Hofni e Fineias, assumiram seus ministérios segundo o direito de tradição. Eles eram da Casa de Eli. Conquistaram seus cargos, mas não eram convertidos nem tinham caráter para exercer um sacerdócio. À medida que se tornaram "donos" do seus cargos  também foram  se tornando donos da congregação. Ficaram tão devassos que  chegaram ao ponto de  se deitar e prostituir com bandos de mulheres na porta da Tenda da Congregação.

Nos dias de paz eles, que já eram profanos, se corromperam tanto, a ponto de Deus mandar um recado para eles: De aquele dia em diante, nenhum pedido de perdão, oração, oferta, choro, nada, nada mais tocaria mais o coração de Deus para perdoar-lhes os pecados.

O pecado por fraqueza tem perdão. O pecado proposital, na certeza de que Deus é perdoador e que vai  perdoar qualquer coisa em qualquer tempo, não! E Deus tolerou os pecados da Casa de Eli por muito tempo. E, embora fossem os filhos os pecadores, Deus responsabilizou Eli pela conduta e caráter deles. E responsabilizou porque ele não repreendia os filhos com veemência. Da forma que ele tocava no assunto, os filhos nem se preocupavam - até pecavam mais.

--Meus filhos, porque fazeis estas coisas... eu tenho ouvido de todo este povo as vossas maldades.Não, meus filhos, não é boa fama esta que ouço, pois, fazeis o povo do SENHOR transgredir.  Conversa branda.  Posso imaginar uma cena. O filho depravada, sentado perto do pai, e Eli passando a mão na cabeça dele e dizendo: Filho, todo o povo que vem falhar comigo está reclamando do testemunho de vocês. Não, não é boa a fama de vocês no meio do povo. Posso até imaginar o porquê do sacerdote passar a mão na cabeça dos filhos rebeldes.  Como muitos líderes da Casa do Senhor, eles estavam sempre tão ocupados com a responsabilidade do cargo, que não têm tempo para ver os filhos crescerem. Não acompanham a formação do caráter deles. É igreja de manhã, ao meio-dia, de tarde e de noite - sete dias por semana.

Depois passam a mão na cabeça dos filhos e não os repreendem, porque estão em falta com eles! isto é um triste paradoxo: homens de Deus cuidando da vida espiritual dos outros, enquanto seus filhos passam fome e sede das coisas de Deus. E vão suprir esta necessidade com a primeira pessoa que o diabo vai colocar nos seus caminhos para não só destruí-los como a toda casa do sacerdote. Não que isto os escusem, pois o caminho do bem e do mal não é difícil de entender, mas a falta do pai também é grande, pois, que proveito tira um pastor de ganhar o mundo inteiro e perder a sua casa para o diabo?

E chegou o tempo em que Deus disse - Basta!  O dia da dificuldade chegou. A guerra bateu às portas da cidade. Os filisteus estavam chegando. Então, um  exército 4 mil homens de Israel  chegou até Ebenézer. Os filhos de Ele, com certeza estavam ali, para orar pela vitória na batalha contra os filisteus.

A batalha veio  e com ela uma grande derrota. E com a derrota veio uma pergunta: Não estávamos em Ebenézer? por que o Senhor deixou de nos ajudar? E alguém deve ter falado: vocês se esqueceram de trazer a Arca do Concerto. Estavam tão independentes de Deus que só se deram pela falta dela quando sobreveio a dificuldade.     Lembraram:   Deus está na Arca. Se a trouxermos para cá, a presença de Deus vai nos dar a vitória sobre estes filisteus.  A Arca foi trazida, e o povo pecador, muito emocionado, começou a dar altos brados de vitória tremeram o chão e os ouvidos dos filisteus.

Outra batalha se formou. 

De um lado os filisteus preocupados com a presença da Arca do Senhor. A mesma Arca que trouxe o povo de Israel do Egito e os plantou firmemente na terra de Canaã. E o povo de Israel ajuntou um exército de mais de 30 mil homens. E de novo uma derrota fragorosa. Tão fragorosa que os filisteus tomaram até a Arca do Concerto.

Trinta mil homens perderam a vida na batalha. Hofni e Fineias também foram mortos. Quando soube da notícia o pai, o sacerdote Eli, caiu da cadeira para trás e quebrou o pescoço. A mulher de Fineias, grávida, se encurvou e deu à luz antes do tempo. Antes de morrer no parto, ela soube que tinha ganhado um menino. Em vez de agradecer a Deus pelo filho, ela em grande desgosto por tantas derrotas em um dia só, olhou para o filho e deu-lhe o nome de Icabô. Foi-se a Glória de Israel. 

Nas minhas reflexões sobre o assunto eu fico pensando: A santidade ao Senhor é uma virtude que está sendo desprezada a cada dia na Igreja, por causa dos novos filhos de Eli. Muitos estão murmurando deles e  abandonando a Casa do Senhor. Ou deixando de aceitar Jesus por causa do escândalo deles. E por falar em escândalo em Igreja, este é o penúltimo: Igreja pagou propina para máfia dos fiscais. O problema do pecado no sacerdócio da Igreja é como Icabô ele vai expulsando a glória de Deus aos poucos, sem que ninguém perceba. O pecado do púlpito é que traz a derrota de um Igreja inteira. Foi a omissão de Eli que deu oportunidade ao diabo para destruir sua família. Foi a falta de autoridade de Eli que os levou a pecar até na porta da Tenda da Congregação. A glória de Israel tinha ido embora, e Eli não viu e nem percebeu o desgosto de Deus.

No dia que mais precisaram, a presença de Deus já tinha ido embora. Quando o pecado toma conta da liderança de uma Igreja, a convicção de que a presença do Senhor foi embora só se dá no dia da desgraça, Quando Ebenézer dá lugar a Icabô.




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