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quarta-feira, novembro 16, 2011

Os Negros na Bíblia Sagrada



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"Há Negros na Bíblia?"
(Comentário sobre o Livro do Reverendo Arão Litsuri)


BRAZÃO MAZULA / de MOÇAMBIQUE


Dois aspectos introdutórios à minha fala:

Quando recebi um exemplar do livro, das mãos do meu padrinho de casamento e com uma dedicatória muito amiga do autor, havia-me decidido a lê-lo pela curiosidade que o título em si provocava em mim; talvez não o lesse agora; ii) telefonei ao Rev.do Arão Litsuri para felicitá-lo pela obra e agradecer-lhe pela gentil dedicatória. Foi então que disse que queria falar comigo. Numa tarde dessas, encontramo-nos no Hotel Polana. Ele bebendo água e eu tomando um copo de leite, o Rev. Arão Litsuri convidava-me a falar do livro por ocasião do lançamento. Fiquei surpreendido, porque não esperava. Salvo o único encontro que tive com ele durante o processo eleitoral de 2004, do qual ele foi presidente, encontramo-nos algumas vezes em momentos formais e protocolaras, mas nunca tivemos um encontro para bate-papo.

Aceitei o convite, porque não podia recusar. Por duas razões: i) por princípio de vida, não costumo recusar à Igreja: eu sou resultado da formação da Igreja e nunca conseguirei retribuir o quanto a Igreja me deu; - ii) é difícil recusar um convite destes provido duma personalidade com a estatura moral do Rev. Litsuri. Arão Litsuri é artista nato em música, é pastor e dirigente religioso, é mestre. Isto significa que o seu convite é refinado e bem peneirado. No entanto, aceitei o convite com a ressalva de que não sou teólogo. Rev.do Litsuri sorriu como quem não concordava com a minha ressalva.

O Rev.do Litsuri apresenta-nos, para refeição desta noite, apropriando-se da expressão de Santo Agostinho, uma obra teológica. Não se trata de teologia geral, mas de teologia bíblica, fazendo uma exegese da Sagrada Escritura. Uma das áreas mais difíceis nos estudos teológicos é, precisamente, a de estudos bíblicos. Só isto qualifica o autor de um teólogo profundo. Nota-se essa profundidade na busca de fontes primárias assentes na própria Sagrada Escritura. Para isso, estuda o hebraico, língua fundamental para a investigação bíblica. Há quatro línguas fundamentais para a exegese bíblica: o hebraico, o grego e o aramáico e o latim.

Arão Litsuri escolheu o hebraico, a língua original que lhe permitiu investigar o sentido vernáculo e a escrita original dos termos como o de Kush, o seu ponto de referência para a sua tese. A profundidade da sua análise é evidenciada pelo recurso a estudos comparados de historiadores, exegetas, ás fontes arqueológicas e, inclusive, a historiadores africanos e africanistas, como Basil Davidson (p.21), E. Mveng (p.74) e Cheik Anta Diop (p. 82). Essa profundidade é mais evidenciada ainda nas “ferramentas” metodológicas de análise que utiliza. Ao longo da leitura da obra, percebe-se como ele segue lógica e rigorosamente “o método histórico-crítico, o criticismo literário, o criticismo de fonte e o método arqueológico” adoptados (p. 22)

Como o título sugere, o autor propôs-se para a dissertação do seu mestrado em Estudos Religiosos a “pesquisar os antecedentes africanos no estudo da Bíblia Hebraica” (pag. 17). A sua preocupação é a de saber se “há negros na Bíblia. Não se trata apenas de pesquisar a sua presença física, mas de investigar o estatuto, a condição e o papel desses negros no livro sagrado milenar, de cerca de 4500 anos a.C. Arão Listuri não tem receio der abordar esta questão; não se contenta com apreciações ligeiras; persegue-a até encontrar provas convincentes. Arão Litsuri investiga sem preconceito algum. Procura, a todo o momento, equilibrar a racionalidade que uma investigação científica exige, com a fé no que faz assegurando a dimensão epistemologica da pesquisa e a sua sensibilidade africana pela causa africana.

É um trabalho ingente e de muita paciência que vemos no seu livro. O investigador Arão Litsuri palmilha o Pentatêutico, os Salmos, os profetas, as Crónicas, os livros históricos, da Sabedoria e de Ben-Sirá.

Para ponto de partida (p. 17 e 27), escolhe a palavra Kush que aparece muitas vezes nos textos bíblicos e que em hebraico significa “preto, escuro, cara queimada” (p.27).

No seu percurso investigativo, Arão Litsuri observa e demonstra, através de evidências bíblicas, três coisas:

i) que Kush era bem conhecido e “de acordo com o profeta Ezequiel (29:10) Kush localizava-se “no sul do Egipto” e foi bem conhecido pelos hebreus por causa do papel proeminente que aquele país desempenhou nas relações com o Egipto e a Palestina” (p. 28). Demonstra que o “antigo Kush” compreendia as actuais regiões do Sudão e Et~iópia”, “na alrtura (...) também, conhecidos por Núbia” (p. 29) Outros nomes como Sheba, Seba, Sabines, Ofir estão igualmente associados a Kush (p. 30-31). O mais interessante é que os Sabeanos, habitantes de Sheba, cerca de 1000 a.C., devem ter descido até Sofala/Moçambique para o comércio de ouro (p. 31). A exploração e o comércio de ouro até Kush, Líbia, Ofir, Sofala são outras evidências de referências de negros na Bíblia.

ii) Em segundo lugar, percorrendo minuciosamente os textos bíblicos, desde Génesis (2: 10-14), Êxodo, Números, passando pelos profetas Isaías, Ezequiel, Sefonias, Jeremias, Samuel e Daniel, pelos Salmos e pelo livro sapiencial de Job, e pelas Crónicas, pelos livros históricos dos Reis, Naum e Ester, vai descobrindo que Kush aparece como “um termo geográfico”, “nome de uma pessoa”, “uma pessoa”, como “um povo” e como “uma nação( (p.33 – 69). Por exemplo, actual Sudão como antigo Kush (p.35), no século VII a C. , Kush já era conhecido na corte real de Jerusalém (p. 48 e cfr. Num. 12:1).

Nisto, o autor encontra uma prova inconcussa em Jeremias (13.23) quando se interroga se “Pode o etíope mudar a sua pele (a sua própria cor), ou um leopardo as sua manchas (- as pintas da sua pele)? Aqui o termo em hebraico “O kushita” (-etíope, em grego) “denota”, segundo Arão Listsuri, “a colectividade” abrangendo “todos os Kushitas em geral” e, por conseguinte, referiundo-se “ao povo, aos habitantes da terra de Kush”, mais especificamente os “negros”. Assim, o termo etíope, em grego, ou seja kushita em hebraico, está ligado “ao conceito de raça, a (própria) raça negra na Bíblia” (p. 51). Kush (Etiópia) aparece também como nação, como uma identidade própria e “envolvida em questões internacionais como o Egipto, Punt (actual Somália, p. 122) Líbia, Assíria e Palestina e com “Faraós kuchitas”, ou seja, Faraós Negros” (p. 60-61).

Iii) O terceiro aspecto muito importante é o referido pelo profeta Amós (entre os anos 760-750 a. C). A referência a Amós é de grande importância na medida em que, como simples pastor e cultivador de sicómoros (Amós1:1 e 7:14), o profeta Amós aparece à primeira vista como “uma pessoa pobre e sem cultura”, mas na realidade é um conhecedor profundo do seu povo, do que se passa nos países vizinhos e de “toda a problemática social, política e religiosa de Israel” (cfr. Bíblia dos Capuchinhos. Lisboa/Fátima, 1998, p. 1478. Pela boca de Amós, o oráculo do Senhor diz: “Não sois vós para mim, ó filhos de Israel, como os filhos dos etíopes? (Cfr. Versão dos Capuchinhos: “Porventura não sois vós para mim, ó filhos de Israel, como os filhos dos cuchitas? –oráculo do Senhor”). A importância deste versículo está em que, segundo Arão Litsuri, “Amós revolucionou o pensamento fechado dos israelitas para lhes fazer ver que todos os outros povos também eram povos escolhidos, incluindo os africanos”. (p.53).

Posto isto, o autor tira algumas conclusões.

A primeira conclusão, decorrente do método do criticismo das fontes, diz que “o conhecimento difundido sobre Kush era bem conhecido em todos os tempos” e estendia-se a partir de 1500 a. C. (p.73). Mais concrectamente: “que Kush, onde o rio Gihon (ou Nilo) corre, é “um país africano, posto que o rio Nilo corre na África” (p. 74).

A segunda conclusão reforça a primeira. Baseando-se nas expressões do profeta Isaías (18: 1-2) que se referem “para além dos rios da Etiópia” a “Embaixadores do mar”, conclui não haver nenhuma “ sombra de dúvida de que “Etiópia” (Kush) neste caso, está em África, do mesmo modo que não há dúvida de que o Nilo está em África”. E que o Nilo era uma rota de transporte entre Kush, Sudão e Egipto” (p. 79). Não duvida que Kush se localiza em África e não na Ásia (p. 122).

Para terceira conclusão, observa que esse Kush, identificado pelas suas riquezas de topázio, pedra preciosa ou crisolite e ouro, “foi um vizinho próximo do Egipto e que, consequentemente, situava-se em África (p. 80). A quarta conclusão decorre do Salmos 60:31 que diz que “embaixadores reais virão do Egipto: a Etiópia cedo estenderá para Deus as suas mãos”. Daí que “Javé é já adorado em Kush”, ou seja, que “Deus intervém na história humana e assim todas as nações devem adorá-lo”, (p.101). Finalmente em quinto lugar, que é nessa qualidade que estabelece “parceria com Egipto” e “teve pontos de contacto com Israel” (p. 105). Em suma, conclui que “há negros na Bíblia (p. 123).

Para terminar, quero, mais uma vez, felicitar o pesquisador e estudioso em assuntos bíblicos, Arão Litsuri, por este trabalho de grande valor para a ciência teológico-bíblica e para o alimento da nossa fé em Deus. Quero também, agradecer-lhe por me ter servido este delicioso manjar intelectual e espiritual e ter-me honrado com um gesto de amizade de poder participar neste acto solene, de lançamento do seu livro ao público. Intitulei esta minha fala de “depoimento”, deixando assim traduzir o meu pensar e as lições que aprendi e continuarei a aprender. De facto, esta obra ensina-nos muito. Quanto mais a lemos, mais apreendemos coisas nova. Não se trata de obra que apenas enche as nossas cabeças com muita informação. Para isso, basta cada um pegar na bíblia e lê-la à sua maneira. O aspecto particular, para o qual convido o público a adquirir o livro, está na interpelação que a obra nos provoca: a de ver a Bíblia não mais como um simples livros de estante e de pietismo, mas tê-la sempre como fonte da nossa metánia, da nossa permanente transforamação para a perfeição.

Esta obra faz-me pensar der novo na importância da introdução de estudos religiosos, ou seja, de estudos teológicos, nas nossas instituições públicas do ensino superior. Por que não? Existem em muitos países. Não fere a laicidade do Estado. Quanto mais os seus cidadãos tiverem uma cultura religiosa profunda, mais serão interpelados pelos altos valores da existência e da vida, dignificando mais a sua sociedade e, consequentemente, mais enobrecerão o próprio Estado.

Não podia haver um ambiente mais bonito de apresentar esta obra ao público do que fazer coincidir com o lançamento do seu álbum musical, transportando-nos, desta forma, para a fé de David que expressava tambem através da sua harpa. A harpa deste rei bíblico simboliza a razão humana, a sabedoria da vida, a fé em Deus e a cultura caminhando juntos!

Parabéns, Rev.do Arão Litsuri, pois a sua pesquisa cuidada alimenta a nossa razão humana; o rigor do manejo da sua metodologia de investigação deixa transparecer a sua sabedoria de vida; a escolha do tema e a paciência no trabalho realizado revelam-nos a sua fé em Deus; e a viola que o acompanha coroa as quatro dimensões da razão da existência humana neste mundo!

*Depoimento apresentado por ocasião do lançamento do livro e do álbum musical do Reverendo Arão Litsuri, no dia 13 de Dezembro de 2007, no Cine-África, cidade de Maputo

Fonte Jornal Noticias - Moçambique - palavra pesquisada: pastor


Cruzue@gmail.com

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terça-feira, abril 27, 2010

Tropeçando no Salmo Primeiro

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"Tripping"
Por João Cruzué

Em 12 de outubro de 1995, há mais de 14 anos, aconteceu aquele triste episódio do "chute" na santa, protagonizado pelo Bispo Von Helder, da Igreja Universal, numa atitude de desequilíbrio, repercutida maldosamente pela TV Globo que, além de desrespeitar nossos irmãos católicos que a consideram "padroeira" do Brasil, desrepeitou a todos os crentes que pregam o evangelho de forma mansa e humilde.

O Bispo Edir Macedo Bezerra em seu livro mais recente diz: "... O Sérgio criou um problema na Igreja. Atrasou nosso trabalho em dez anos. Ficamos parados no tempo por causa daquele chute. Atrapalhou a Igreja, atrapalhou todos os nossos projetos. Poderíamos ter ajudado muito mais gente se não fosse aquele ato impensado."

Quem acompanhou, na época, sabe que a TV Globo gravou as imagens da "pregação" do Bispo Sérgio Von Helder, feita na madrugada, e a tornou assunto principal de seus jornais, movendo maciça perseguição à Igreja Universal. Nos dois meses seguintes, serviu perfeitamente como cortina de fumaça para o lançamento do PROER. aquele programa de socorro a banqueiros feito pelo governo FH - que só foi "descoberto" pela grande imprensa a partir de fevereiro de 1996. E o primeiro banco (imediatamente) socorrido foi o Banco Nacional - da nora do Presidente..

Para tornar mais eficaz a campanha de destruição contra a Igreja Universal, a Rede Globo foi buscar na seara evangélica o apoio do Reverendo considerado com o príncipe dos pregadores e escritores evangélicos do Brasil, o Pastor presbiteriano Caio Fábio D'Araújo Filho. Diante do microfone daquela emissora, ele ajudou a TV Globo a cravar vários pregos naquilo que achavam ser o caixão do Bispo Macedo e da Igreja Universal.

Quase 15 anos já se passaram. O Bispo chutou a santa, mas quem tropeçou no Salmo Primeiro foi o Reverendo Caio. Tropeçou e caiu. O Tempo, e não eu, está sendo o juiz daquela causa. De um lado,a boa mão de Deus prosperou a causa do Bispo Macedo. Que a grande maioria dos Evangélicos repudia. E certamente, o Bispo NÃO tem minha aprovação em todas as coisas que faz. Pode ser que até seja mais falho que o próprio Reverendo, mas por que um teve uma queda tão feia, e o outro continuou? Creio que Caio caiu por muitas falhas ( quem não as tem?), mas foi imperdoável ter se juntado aos "Marinhos" que sempre desprezaram, desprezam e nutrem um feio preconceito contra os crentes em Jesus desta nação.

Contudo, diante de Deus algumas faltas são consideradas maiores que as outras, e a razão do Salmo Primeiro estar exatamente ali, como primeiro, deve ser porque Deus nunca aprovará que o crente tropece no seu primeiro versículo (ainda mais se for um mestre) que só para recordar, diz assim:


"Bem-Aventurado o varão

que não anda segundo o conselho dos ímpios,

nem se detém no caminho dos pecadores,

nem se assenta na roda dos escarnecedores".

ooo


João Cruzue - cruzue@gmail.com

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quarta-feira, novembro 18, 2009

Evidências de negros na Bíblia Sagrada


Africa

"Há Negros na Bíblia?


Por BRAZÃO MAZULA - de Moçambique

Dois aspectos introdutórios à minha fala:

i) quando recebi um exemplar do livro, das mãos do meu "padrinho" de casamento e com uma dedicatória muito amiga do autor, havia-me decidido a lê-lo pela curiosidade que o título em si provocava em mim; talvez não o lesse agora; ii) telefonei ao Rev.do Arão Litsuri para felicitá-lo pela obra e agradecer-lhe pela gentil dedicatória. Foi então que disse que queria falar comigo. Numa tarde dessas, encontramo-nos no Hotel Polana. Ele bebendo água e eu tomando um copo de leite, o Rev. Arão Litsuri convidava-me a falar do livro por ocasião do lançamento. Fiquei surpreendido, porque não esperava. Salvo o único encontro que tive com ele durante o processo eleitoral de 2004, do qual ele foi presidente, encontramo-nos algumas vezes em momentos formais e protocolaras, mas nunca tivemos um encontro para bate-papo.

Aceitei o convite, porque não podia recusar. Por duas razões: i) por princípio de vida, não costumo recusar à Igreja: eu sou resultado da formação da Igreja e nunca conseguirei retribuir o quanto a Igreja me deu; - ii) é difícil recusar um convite destes provido duma personalidade com a estatura moral do Rev. Litsuri. Arão Litsuri é artista nato em música, é pastor e dirigente religioso, é mestre. Isto significa que o seu convite é refinado e bem peneirado. No entanto, aceitei o convite com a ressalva de que não sou teólogo. Rev.do Litsuri sorriu como quem não concordava com a minha ressalva.

O Rev.do Litsuri apresenta-nos, para refeição desta noite, apropriando-se da expressão de Santo Agostinho, uma obra teológica. Não se trata de teologia geral, mas de teologia bíblica, fazendo uma exegese da Sagrada Escritura. Uma das áreas mais difíceis nos estudos teológicos é, precisamente, a de estudos bíblicos. Só isto qualifica o autor de um teólogo profundo. Nota-se essa profundidade na busca de fontes primárias assentes na própria Sagrada Escritura. Para isso, estuda o hebraico, língua fundamental para a investigação bíblica. Há quatro línguas fundamentais para a exegese bíblica: o hebraico, o grego e o aramáico e o latim.

Arão Litsuri escolheu o hebraico, a língua original que lhe permitiu investigar o sentido vernáculo e a escrita original dos termos como o de Kush, o seu ponto de referência para a sua tese. A profundidade da sua análise é evidenciada pelo recurso a estudos comparados de historiadores, exegetas, ás fontes arqueológicas e, inclusive, a historiadores africanos e africanistas, como Basil Davidson (p.21), E. Mveng (p.74) e Cheik Anta Diop (p. 82). Essa profundidade é mais evidenciada ainda nas “ferramentas” metodológicas de análise que utiliza. Ao longo da leitura da obra, percebe-se como ele segue lógica e rigorosamente “o método histórico-crítico, o criticismo literário, o criticismo de fonte e o método arqueológico” adoptados (p. 22)

Como o título sugere, o autor propôs-se para a dissertação do seu mestrado em Estudos Religiosos a “pesquisar os antecedentes africanos no estudo da Bíblia Hebraica” (pag. 17). A sua preocupação é a de saber se “há negros na Bíblia. Não se trata apenas de pesquisar a sua presença física, mas de investigar o estatuto, a condição e o papel desses negros no livro sagrado milenar, de cerca de 4500 anos a.C. Arão Listuri não tem receio der abordar esta questão; não se contenta com apreciações ligeiras; persegue-a até encontrar provas convincentes. Arão Litsuri investiga sem preconceito algum. Procura, a todo o momento, equilibrar a racionalidade que uma investigação científica exige, com a fé no que faz assegurando a dimensão epistemologica da pesquisa e a sua sensibilidade africana pela causa africana.

É um trabalho ingente e de muita paciência que vemos no seu livro. O investigador Arão Litsuri palmilha o Pentatêutico, os Salmos, os profetas, as Crónicas, os livros históricos, da Sabedoria e de Ben-Sirá.

Para ponto de partida (p. 17 e 27), escolhe a palavra Kush que aparece muitas vezes nos textos bíblicos e que em hebraico significa “preto, escuro, cara queimada” (p.27).

No seu percurso investigativo, Arão Litsuri observa e demonstra, através de evidências bíblicas, três coisas:

i) que Kush era bem conhecido e “de acordo com o profeta Ezequiel (29:10) Kush localizava-se “no sul do Egipto” e foi bem conhecido pelos hebreus por causa do papel proeminente que aquele país desempenhou nas relações com o Egipto e a Palestina” (p. 28). Demonstra que o “antigo Kush” compreendia as actuais regiões do Sudão e Et~iópia”, “na alrtura (...) também, conhecidos por Núbia” (p. 29) Outros nomes como Sheba, Seba, Sabines, Ofir estão igualmente associados a Kush (p. 30-31). O mais interessante é que os Sabeanos, habitantes de Sheba, cerca de 1000 a.C., devem ter descido até Sofala/Moçambique para o comércio de ouro (p. 31). A exploração e o comércio de ouro até Kush, Líbia, Ofir, Sofala são outras evidências de referências de negros na Bíblia.

ii) Em segundo lugar, percorrendo minuciosamente os textos bíblicos, desde Génesis (2: 10-14), Êxodo, Números, passando pelos profetas Isaías, Ezequiel, Sefonias, Jeremias, Samuel e Daniel, pelos Salmos e pelo livro sapiencial de Job, e pelas Crónicas, pelos livros históricos dos Reis, Naum e Ester, vai descobrindo que Kush aparece como “um termo geográfico”, “nome de uma pessoa”, “uma pessoa”, como “um povo” e como “uma nação( (p.33 – 69). Por exemplo, actual Sudão como antigo Kush (p.35), no século VII a C. , Kush já era conhecido na corte real de Jerusalém (p. 48 e cfr. Num. 12:1).

Nisto, o autor encontra uma prova inconcussa em Jeremias (13.23) quando se interroga se “Pode o etíope mudar a sua pele (a sua própria cor), ou um leopardo as sua manchas (- as pintas da sua pele)? Aqui o termo em hebraico “O kushita” (-etíope, em grego) “denota”, segundo Arão Listsuri, “a colectividade” abrangendo “todos os Kushitas em geral” e, por conseguinte, referiundo-se “ao povo, aos habitantes da terra de Kush”, mais especificamente os “negros”. Assim, o termo etíope, em grego, ou seja kushita em hebraico, está ligado “ao conceito de raça, a (própria) raça negra na Bíblia” (p. 51). Kush (Etiópia) aparece também como nação, como uma identidade própria e “envolvida em questões internacionais como o Egipto, Punt (actual Somália, p. 122) Líbia, Assíria e Palestina e com “Faraós kuchitas”, ou seja, Faraós Negros” (p. 60-61).

Iii) O terceiro aspecto muito importante é o referido pelo profeta Amós (entre os anos 760-750 a. C). A referência a Amós é de grande importância na medida em que, como simples pastor e cultivador de sicómoros (Amós1:1 e 7:14), o profeta Amós aparece à primeira vista como “uma pessoa pobre e sem cultura”, mas na realidade é um conhecedor profundo do seu povo, do que se passa nos países vizinhos e de “toda a problemática social, política e religiosa de Israel” (cfr. Bíblia dos Capuchinhos. Lisboa/Fátima, 1998, p. 1478. Pela boca de Amós, o oráculo do Senhor diz: “Não sois vós para mim, ó filhos de Israel, como os filhos dos etíopes? (Cfr. Versão dos Capuchinhos: “Porventura não sois vós para mim, ó filhos de Israel, como os filhos dos cuchitas? –oráculo do Senhor”). A importância deste versículo está em que, segundo Arão Litsuri, “Amós revolucionou o pensamento fechado dos israelitas para lhes fazer ver que todos os outros povos também eram povos escolhidos, incluindo os africanos”. (p.53).

Posto isto, o autor tira algumas conclusões.

A primeira conclusão, decorrente do método do criticismo das fontes, diz que “o conhecimento difundido sobre Kush era bem conhecido em todos os tempos” e estendia-se a partir de 1500 a. C. (p.73). Mais concrectamente: “que Kush, onde o rio Gihon (ou Nilo) corre, é “um país africano, posto que o rio Nilo corre na África” (p. 74).

A segunda conclusão reforça a primeira. Baseando-se nas expressões do profeta Isaías (18: 1-2) que se referem “para além dos rios da Etiópia” a “Embaixadores do mar”, conclui não haver nenhuma “ sombra de dúvida de que “Etiópia” (Kush) neste caso, está em África, do mesmo modo que não há dúvida de que o Nilo está em África”. E que o Nilo era uma rota de transporte entre Kush, Sudão e Egipto” (p. 79). Não duvida que Kush se localiza em África e não na Ásia (p. 122).

Para terceira conclusão, observa que esse Kush, identificado pelas suas riquezas de topázio, pedra preciosa ou crisolite e ouro, “foi um vizinho próximo do Egipto e que, consequentemente, situava-se em África (p. 80). A quarta conclusão decorre do Salmos 60:31 que diz que “embaixadores reais virão do Egipto: a Etiópia cedo estenderá para Deus as suas mãos”. Daí que “Javé é já adorado em Kush”, ou seja, que “Deus intervém na história humana e assim todas as nações devem adorá-lo”, (p.101). Finalmente em quinto lugar, que é nessa qualidade que estabelece “parceria com Egipto” e “teve pontos de contacto com Israel” (p. 105). Em suma, conclui que “há negros na Bíblia (p. 123).

Para terminar, quero, mais uma vez, felicitar o pesquisador e estudioso em assuntos bíblicos, Arão Litsuri, por este trabalho de grande valor para a ciência teológico-bíblica e para o alimento da nossa fé em Deus. Quero também, agradecer-lhe por me ter servido este delicioso manjar intelectual e espiritual e ter-me honrado com um gesto de amizade de poder participar neste acto solene, de lançamento do seu livro ao público. Intitulei esta minha fala de “depoimento”, deixando assim traduzir o meu pensar e as lições que aprendi e continuarei a aprender. De facto, esta obra ensina-nos muito. Quanto mais a lemos, mais apreendemos coisas nova. Não se trata de obra que apenas enche as nossas cabeças com muita informação. Para isso, basta cada um pegar na bíblia e lê-la à sua maneira. O aspecto particular, para o qual convido o público a adquirir o livro, está na interpelação que a obra nos provoca: a de ver a Bíblia não mais como um simples livros de estante e de pietismo, mas tê-la sempre como fonte da nossa metánia, da nossa permanente transforamação para a perfeição.

Esta obra faz-me pensar der novo na importância da introdução de estudos religiosos, ou seja, de estudos teológicos, nas nossas instituições públicas do ensino superior. Por que não? Existem em muitos países. Não fere a laicidade do Estado. Quanto mais os seus cidadãos tiverem uma cultura religiosa profunda, mais serão interpelados pelos altos valores da existência e da vida, dignificando mais a sua sociedade e, consequentemente, mais enobrecerão o próprio Estado.

Não podia haver um ambiente mais bonito de apresentar esta obra ao público do que fazer coincidir com o lançamento do seu álbum musical, transportando-nos, desta forma, para a fé de David que expressava tambem através da sua harpa. A harpa deste rei bíblico simboliza a razão humana, a sabedoria da vida, a fé em Deus e a cultura caminhando juntos!

Parabéns, Rev.do Arão Litsuri, pois a sua pesquisa cuidada alimenta a nossa razão humana; o rigor do manejo da sua metodologia de investigação deixa transparecer a sua sabedoria de vida; a escolha do tema e a paciência no trabalho realizado revelam-nos a sua fé em Deus; e a viola que o acompanha coroa as quatro dimensões da razão da existência humana neste mundo!

*Depoimento apresentado por ocasião do lançamento do livro e do álbum musical do Reverendo Arão Litsuri, no dia 13 de Dezembro de 2007, no Cine-África, cidade de Maputo

Fonte Jornal Noticias - Moçambique - palavra pesquisada: pastor


Cruzue@gmail.com

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domingo, novembro 15, 2009

Pastor Martin Luther King e o Dia da Consciência Negra


A conquista da igualdade dos Direitos Civis

pelos negros americanos
sob a mão de Deus e do Pastor Martin Luther King

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Pastor Martin Luther King, Lyndon Johnson e o Presidente John F. Kennedy

Tradução: João Cruzué

"Durante a campanha de eleição presidencial, John Fritzgerald Kennedy argüiu em favor da Lei dos Direitos Civis. Depois do pleito, descobriu-se que 70% dos votos da população negra americana foram para Kennedy. Entretanto, durante seus primeiros dois anos de presidência, Kennedy falhou em levar adiante sua promessa de mudar a lei.

Em 1963, o projeto dos Direitos Civis de Kennedy foi levado ao Congresso Americano. Em seu discurso pela televisão em 11 de junho, Kennedy pontuou que: “O bebê negro, nascido na América hoje, dependendo do região de onde ele veio, tem cerca de 50% a menos de chances de completar o colegial, comparado com o bebê branco, nascido no mesmo lugar e no mesmo dia. Tem só 25% chances de terminar a faculdade; apenas 25% de chances de se profissionalizar; duas vezes a mais de chances de se tornar desempregado; cerca de 14,2% de chances de ganhar apenas 10 mil dólares por ano; tem uma expectativa de vida menor em sete anos; e uma perspectiva de ganhar apenas a metade de $, em toda sua vida, quando muito.

Na tentativa de persuadir o Congresso Americano a aprovar o Projeto da Lei Kennedy, o Congresso para a Igualdade Racial (CORE) e a Conferência Sulista de Liderança Cristã ( SCLC) organizaram a famosa Marcha para Washington. Em 28 de agosto de 1963, mais de 250 mil pessoas marcharam pacificamente para o Lincoln Memorial para exigir justiça igual debaixo da lei para todos os cidadãos. Ao final da marcha, Martin Luther King fez seu famoso discurso “Eu Tenho um Sonho.”

A Carta dos Direitos Civis ainda estava sendo debatida pelo Congresso, quando John F Kennedy foi assassinado, em novembro de 1963. O Novo presidente, Lyndon Baines Johnson, que tinha um pobre histórico em questões de direitos civis, assumiu a causa. Usando sua considerável influencia no Congresso, Johnson conseguiu que a Lei dos Direitos Civis fosse aprovada.

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O Presidente Johnson assina a Lei dos Direitos Civis na presença do
Pastor Martin Luther King, em 02 de julho de 1964.


Em 1964 a Lei dos Direitos Civis fez da discriminação em lugares públicos, tais como teatros, restaurantes e hotéis, um ato ilegal. Também foi exigido dos empregadores que providenciassem oportunidades iguais de emprego. Projetos que envolviam verbas federais agora poderiam ser cortados se houvesse evidência de discriminação baseada em cor, raça ou nacionalidade".

Excerto de
http://www.spartacus.schoolnet.co.uk/USAsitin.htm

Tradução de João Cruzué
cruzue@gmail.com


Dia da Consciência Negra e a Defesa dos Direitos Civis


PASTOR MARTIN LUTHER KING, JR.


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(15.01.1929 - 04.04.1968)


Tradução de João Cruzué

Eu tenho um sonho: Que um dia esta nação se porá de pé e viverá o verdadeiro significado de sua crença: Nós conservamos esta verdade para ser auto-declarada, que todos os homens foram criados iguais. Eu tenho um sonho, e nele, meus quatro filhos pequenos viverão em uma nação em que não serão julgados pela cor da sua pele, mas pelo conteúdo de seus caráteres."



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"DEIXE A LIBERDADE RESSOAR"

"E quando isto acontecer, quando nós deixarmos a liberdade ressoar, vamos nos apressar para aquele dia quando nós, todos os filhos de Deus, homens pretos e homens brancos, judeus e pagãos, protestantes e católicos, seremos capazes de nos dar as mãos e cantarmos as palavras do velho negro espiritual:


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"Livre por fim, livre por fim,


Graças ao Poderoso Deus, por fim eu estou livre."
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SOBRE A PAZ

"Mais cedo ou mais tarde todos os povos do mundo terão de descobrir um modo de viver juntos em paz, e por meio disso transformar esta elegia cósmica inacabada em um salmo criativo de fraternidade. Eu recuso aceitar a visão de que a humanidade é tão tragicamente atada à uma meia-noite sem estrelas de racismo e de guerras que a aurora brilhante da paz e da fraternidade nunca possa tornar-se uma realidade. É por isso que o direito, temporariamente derrotado, é mais forte do que a maldade triunfante." (1964):

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AS PALAVRAS DE MARTIN LUTHER KING

"As palavras de Martin Luther King têm notável poder e graça, quase 40 anos depois da sua morte em Memphis, no dia 4 de Abril de 1968. Em homenagem ao dia comemorativo do aniversário do Pr. King - 15 janeiro de 2008 - apresentamos uma galeria de fotografias do famoso defensor do movimento dos direitos civis, feitas pelo fotógrafo Flip Schulke da Time.com, acompanhadas pelo texto, traduzido por nós, das próprias palavras de King sobre: não-violência, raça, paz, movimento Black Power, sonhos, etc. Nosso propósito com a publicação é trazer à consciência de que as palavras devem ser cimentadas com atitudes. No início ninguém presta muita atenção, mas o tempo da realização vai chegar para quem persistir em pedir, bater e buscar. Venham conosco aprender do Pastor Martin Luther King, Jr." João Cruzué.

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A ORAÇÃO DO PEREGRINO

Em 1957, aproximadamente 25 mil militantes ajuntaram-se no Memorial Lincoln de Washington D.C, por três horas de cânticos e discursos, exigindo do governo federal o cumprimento do Estatuto da Educação, contra a segregação racial nas escolas americanas, declarada inconstitucional pela Corte Federal. O último discurso do dia foi proferido por King.

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Manifestação em Washington contra a segregação racial nas escolas


O SONHO DA LIBERDADE

"Então, mesmo que enfrentemos as dificuldades de hoje e de amanhã, ainda tenho um sonho. Eu tenho um sonho que um dia esta nação se erguerá e viverá o verdadeiro significado do seu credo... de que todos os homens são nascidos iguais. Eu Tenho um sonho, que um dia até o Estado do Mississippi, um estado que sofre com o calor, com o calor da opressão, será transformado em um oásis de liberdade e justiça. Eu Tenho um sonho, que meus quatro filhos pequenos viverão um dia em uma nação onde eles não mais serão julgados pela cor de sua pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. E se a América está para ser uma grande nação, isto deve tornar-se verdadeiro(1963):

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DETIDO

Em Três meses de greve, 156 manifestantes, inclusive King, foram detidos por violar uma lei de 1921 por " impedimento" de um ônibus. King foi condenado a pagar uma multa de 500 dólares ou passar 386 dias na cadeia. Ele passou duas semanas na prisão, e o movimento explodiu porque ele chamou a atenção nacional para seu protesto.

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Ônibus "batendo lata" em Tallahassee

SIMPATIA PELA GREVE

Comunidades negras de outras cidades organizaram boicotes similhares.

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Photobucketnegros e brancos assentados no mesmo ônibus

VITÓRIA!

Em Junho de 1956 a Corte do Distrito Federal determinou que a segregação racial em ônibus era inconstitucional. Depois de sobreviver a desafios até a Suprema Corte, a norma tornou-se regular; no dia 20 de Dezembro de 1956 King declarou o fim do boicote. No dia seguinte, os membros da comunidade negra, inclusive Rosa Parks, embarcaram nos ônibus pela primeira vez, em mais de um ano.

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Na cadeia, com o filho

NÃO-VIOLÊNCIA

"Em seu comunicado, [falando ao jornalista] você afirmou que as nossas ações, apesar de pacíficas, devem ser condenadas porque elas precipitam a violência. Isto não seria como condenar Jesus porque a sua consciência de um único Deus e a devoção incessante à vontade de Deus precipitou o mau ato da Crucificação?"Cartas da prisão de Birmingham, 1963:

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OS NEGROS DA AMÉRICA

"Antes que os peregrinos aportassem em Plymouth, estávamos aqui. Antes de que a caneta de Jefferson grafasse, com tinta indelével através das páginas da história, as palavras majestosas da Declaração da Independência, estávamos aqui. Se as crueldades inexprimíveis da escravidão não nos puderam parar, a oposição que agora enfrentamos seguramente falhará. Ganharemos nossa liberdade porque a herança sagrada da nossa nação e a vontade eterna de Deus é personificada nos ecos de nossas exigências."Cartas na prisão de Birmingham, 1963.

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NÃO CONFORMISMO

"Nesta hora da história é preciso um círculo dedicado de não-conformistas transformados. As paixões perigosas de orgulho, ódio e egoísmo estão entronizadas em nossas vidas; a verdade está prostrada nas colinas ásperas de Calvários sem nome. A salvação do nosso mundo do juízo virá, não pela complacente acomodação da maioria dos conformados, mas pelo desajuste criativo de uma minoria não conformada." (1963)

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MOVIMENTO BLACK POWER

"O desespero de hoje é um pobre formão para fincar a justiça de amanhã. O movimento "Black Power" é uma crença implícita e muitas vezes explícita no separatismo dos negros. Todavia atrás da preocupação legítima e necessária do Black Power de uma unidade de grupo e identidade negra, jaz numa crença que pode ser para o negro uma estrada separada para o poder e realização. São idéias curtas e irreais. Não há nenhuma salvação para o Negro através do isolamento." (1967)

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MARCHA PELOS DIREITOS CIVIS

"Como uma idéia cujo tempo chegou, nem mesmo a marcha de exércitos poderosos pode parar-nos. Estamos nos mudando para a terra da liberdade. Vamos marchar para a realização do Sonho Americano. Vamos marchar sobre o alojamento segregado. Vamos marchar sobre escolas segregadas. Vamos marchar sobre a pobreza. Vamos marchar sobre as urnas eleitorais, marchar sobre as urnas até que os molestadores de raças desaparecerem da arena política, até que os Wallaces da nossa nação estremeçam longe, em silêncio." (Selma a Montgomery, 1965):

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LIBERDADE

"Deixe a liberdade ressoar. Nos cumes das colinas prodigiosas do Novo Hampshire, deixe a liberdade repicar. Nas montanhas poderosas de Nova York, deixe a liberdade ressoar. Nas elevações dos Alleghenies da Pensilvânia, deixe a liberdade repicar. Mas não só isto; deixe a liberdader essoar no Monte Stone da Geórgia. Deixe a liberdade repicar em cada colina e até nos montículos de terra das toupeiras do Mississippi. E quando isto acontecer, quando nós a deixarmos ressoar, vamos nos apressar para aquele dia quando nós, todos os filhos de Deus, homens pretos e homens brancos, judeus e pagãos, Protestantes e Católicos, seremos capazes de nos dar as mãos e cantar as palavras do velho Negro Espiritual:

"Livre por fim, livre por fim,
Graças ao Poderoso Deus,
Por fim, eu estou livre."


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SOBRE SEU FUTURO

Dito na noite de 03 abril de 1968, anterior ao seu assassinato:

"Temos alguns dias difíceis pela frente. Mas isso realmente não importa para mim agora. Porque eu tenho estado no cume* do monte. Não me importo. Como qualquer um, eu gostaria de viver uma vida longa. A longevidade tem seu lugar. Mas não estou preocupado com isto agora. Somente quero fazer a vontade de Deus. Ele permitiu que eu subisse até o cume do monte. Eu dei uma olhada, e vi a Terra Prometida. Posso não chegar lá com você, mas quero que, nesta noite, saiba que nós como pessoa alcançaremos a Terra Prometida. Portanto estou feliz nesta noite. Não temo nenhum homem. Os meus olhos já viram a glória da vinda do Senhor Jesus."


Tradução: João Cruzué
http://www.time.com/time/photoessays/
Nossa homenagem aos defensores dos direitos civis no Brasil

cruzue@gmail.com

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