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segunda-feira, junho 29, 2015

Um retrato atual da Igreja Evangélica da Índia


Na Opinião de um jovem crente indiano

Clique na figura para estudar os 28 estados e 07 territórios da Índia.

Autor: João Cruzué

Recebi dois longos e maravilhosos e-mails de um Irmão indiano em Cristo, amigo nosso, chamado Aby Mammen. Ele é  do Estado de Kerala, no Sul da Índia. Nós  trocamos informações durante uns quatro anos. Nestes e-mails ele conta sobre os costumes entre as denominações cristãs indianas e fala sobre as perseguições políticas, a perda do desejo de evangelizar dos crentes mais novos e a importância de evangelizar com literatura na Índia. Espero que você goste

Desde o tempo que ele era solteiro, eu brincava, dizendo que Jesus já tinha preparado sua noiva. Ele achava um pouco difícil, porque em seu país, na verdade, são as famílias é que acabam se "casando". E do jeito que falei, acabou acontecendo. Hoje, Irmão Aby é casado e tem uma filhinha. 

No passado ele me enviou seu convite de casamento. Também quero contar um "mico" que passei, quando certo dia ele me contou que iria fazer um "House Warming". Eu fiquei surpreso, pois achava que a Índia era muito quente para fazer alguma coisa ligada a aquecimento. "Irmão João", ele me corrigiu "House Warming", aqui, é um culto de agradecimento e consagração que fazemos quando nos mudamos para um casa recém-construída."  Com vocês, então, segue uma fonte de informação preciosa. A forma com que os olhos de um jovem pentecostal indiano vê missões em seu país, para que nós possamos aprender. Antecipadamente, obrigado pela leitura.


De Aby Mammen

Amado irmão João,

(Tradução de João Cruzué)

"Estou feliz com sua preocupação com os missionários indianos. Primeiro, deixe me tentar responder suas questões. Bem, o nome do Irmão cujo texto transcrevi para lhe enviar, é Philip P. Eapen. Ele é meu primo em segundo grau, pela família de minha mãe, além de um abençoado escritor. Você pode ter acesso ao site dele, através deste endereço: www.philipeapen.com.

I - Sobre a necessidade de uma tradução atualizada da Bíblia para a língua malayalam [falada no estado de Kerala],  a tradução popular em malayalam usada pelos cristãos protestantes do estado de Kerala tem cerca de 170 anos. Alguns vocábulos dessa tradução não são compreensíveis ou têm erro de tradução. Assim, tendem a usar a Bíblia inglesa para conseguir aclarar a interpretação dos versículos.

Em 1997, uma nova versão da bíblia foi publicada, mas ela não se tornou popular. O povo tem uma mentalidade tradicional e se adaptam aos novos coisas muito vagarosamente. Também, estas duas versões, são as únicas versões disponíveis. Além disso, seria muito bom que houvesse uma Bíblia de crianças em malayalam.

II. Sobre a perseguição no estado de Orissa. As notícias que vocês encontram sobre a perseguição em Orissa (2008) são apenas a versão divulgada pela mídia. Ela não mostra o quadro inteiro. A razão por trás do porquê os cristãos estão sendo alvo de perseguições na Índia está no aumento da taxa de crescimento da igreja pelas conversões ao cristianismo. Seria bom que você soubesse, que o missionário australiano Graham Staines e seus dois filhos foram queimados vivos por extremistas Hindus. Ontem (2009), eu soube de notícias de que dois pastores foram atacados em Bihar. Perseguições muito similares estão acontecendo com o povo cristão nativo. Mas estes fatos não se tornam conhecidos a nível internacional, provavelmente, porque os povos afetado são minorias e pelo medo que existe em muitas mentes. Além disso, por seguir princípios cristãos, as pessoas não procuram tomar medidas legais contra seus perseguidores.

III - Quanto ao assunto da intimidação e isolamento do novo convertido e  a "House Church." Para compreender isso, você precisaria ler o texto integral e conhecer o contexto cultural daqui. Com relação ao "não envolvimento" é o costume geral, hoje, nas igrejas. Em lugar de ser um lugar amigável, as igrejas afugentam ou isolam os novos crentes. Em lugar de um culto relevante e atrativo, elas frequentemente usam formas arcaicas de adoração, locais de acomodação, arquitetura, etc. Mas, não pense que os crentes mais velhos tentam atormentar os novos convertidos na Igreja.

Para entender a respeito das formas não atrativas de louvor, eu vou lhe explicar mais. 

Primeiro, na Índia as Igrejas pentecostais não têm bancos dentro da Igreja para o conforto das pessoas. Isto se deve principalmente por duas razões: Desde que o movimento Pentecostal se tornou proeminente neste país, os fiéis costumavam se assentar sobre esteiras no chão, principalmente porque nós considerávamos isto como a melhor postura para adorar a Deus sobre nossos joelhos do que se nos assentássemos confortavelmente nos bancos. Havia também o problema de disponibilidade de instrumentos musicais, que não eram muito bons como os de hoje. Eram tambores e clangores. Os fiéis batem palmas enquanto cantam e não há coral nas pequenas Igrejas. Mesmo hoje, há muitas igrejas que consideram que os instrumentos musicais não sejam efetivamente adequados para a prática da adoração!

Segundo, muitas igrejas são muito pobres e têm um número reduzido de membros. Em uma cidade com muitas igrejas - há poucas igrejas grandes e a maioria são igrejas pequenas. As pequenas igrejas não têm templos próprios. Construir uma igreja aqui, precisa de dinheiro e as despesas de construção não podem ser arcadas com poucos membros. Assim, eles se reúnem na casa do Pastor ou alugam um salão para cultuar. É por isso que vem o nome House Churches- Igreja nas Casas." Mas, o interessante, é  que vemos isto no livro de Atos dos Apóstolos. Na maior parte das vilas indianas, as igrejas são pobres e cultuam nas casas.

Mesmo se uma igreja tiver muitos membros, e conseguir levantar recursos para construir um templo, eles geralmente não procuram embelezar o ambiente ou tornar confortável seu interior com bancos e galerias decoradas... ou manter boa música para adorar. É assim, porque a mentalidade dos crentes indianos está satisfeita com o estilo tradicional de louvor. Eu também frequento uma Igreja no lar (2009), mas aqui nós temos um órgão elétrico para acompanhar o louvor.

Quando um visitante não cristão chega na igreja, ele não encontra um lugar confortável para se assentar, pois os crentes se assentam no assoalho, ouvem hinos cantados sem música, escutam sermões muito demorados... Tudo isto faz com que a igreja evangélica indiana seja um lugar pouco atrativo para os não crentes.

Um outro aspecto: o  uso de jóias é considerado pecado pelos pentecostais daqui. Tradicionalmente, a cultura de nosso país dá muita importância a joalheria, especialmente as mulheres. Você pode ver que uma noiva indiana sempre estará adornada com muitos ornamentos em seu casamento. 

Os pioneiros pentecostais de nossas igrejas tiveram o cuidado de ensinar um estilo de vida simples. Eles decidiram pelo não uso de roupas caras, construção de grandes casas, e não querem o uso de jóias. Mas a medida que o tempo passa o não uso de jóias se torna um código normal de conduta na igreja. O povo passa a considerar isto como uma doutrina. Então, quando os visitantes não crentes vêm a igreja, eles são olhadas pelos crentes que não usam jóias e se sentem deslocadas. 

Costumeiramente, apenas as viúvas não usam jóias em nossa terra. Algumas igrejas não permitem receber para batismo nem participar da ceia do Senhor o convertido que usa ornamentos, porque ficam temerosos de ir contra a tradição. Isto é um aborrecimento e uma intimidação para os recém-convertidos. Você encontra as coisas assim, porque os cristãos estão seguindo cegamente a tradição.

IV. Resumindo o meu primeiro e-mail, para que você entenda melhor:

1 - O evangelismo aqui é feito por pouquíssimas pessoas/organizações. Os crentes em geral não consideram que eles foram chamados para evangelizar. Mas, não era assim antigamente.

2. As Igrejas não são um lugar amistoso/alegre para os recém-chegados, como eu já expliquei acima.

3. Missões não estão acontecendo nas áreas ainda não alcançadas, porque mesmo as organizações missionárias receiam ataques de radicais hindus, pela falta de recursos financeiros, pela falha de um bom relacionamento com os cristãos de outros credos e pela inabilidade de convivência com povos em seu contexto cultural.

4 - O método de evangelismo pessoal tem sido bem sucedido aqui. Os crentes trazem seus amigos mais íntimos ou parentes para Cristo, depois de insistentemente ministrar-lhes a um nível pessoal. Isto é o que chamamos evangelismo de amizade ou evangelismo nas casas. O Evangelismo em massa, como por exemplo uma cruzada, ajudaria a criar um clima favorável nas mentes das pessoas, e depois poderia ser feito um acompanhamento pessoal daqueles que mostram interesse em conhecer mais de Jesus.

5 - Igrejas baseadas em células: uma grande igreja pode querer operar através de pequenos grupos chamados de células, as quais podem ser de reuniões de oração e esforços evangelísticos. Isto pode ser muito eficaz.

6 - Muitas igrejas, boas em evangelização, não conseguem ser tão boas no ensino da Palavra. Assim, o discipulado não é bem feito, o que resulta em um grupo de crentes mal fundamentados na fé.

7 - Há igrejas com ótima visão de engajamento em evangelismo transcultural, mas não têm recursos financeiros, enquanto outras têm dinheiro de sobra, mas falta o desejo de sair para evangelizar.

Um movimento de rápido crescimento em Uttar Pradesh (o mais populoso e também o mais pobre estado da Índia) é protagonizado por uma Igreja que opera com ações de bem estar social. Os fiéis evangelizam os membros da família. Ninguém de fora é envolvido. Os convertidos não atiram fora as práticas tradicionais que não vão de encontro à Palavra. Eles não praticam adoração de ídolos, mas seus casamentos, festivais, etc, ainda são celebrados em seus próprios costumes culturais. Daí, o seu rápido crescimento nos últimos 15 anos.

9 - Evangelizar com literatura é muito necessário agora. Também, tendo hinários, livros, material de treinamento e filmes em língua nativa.


10 - Como você, estrangeiro,  pode ajudar a obra missionária na Índia:

Ao ver o zelo e o fardo que você tem em mente sobre o evangelho, tem grandemente nos encorajado, amado irmão. Que o Senhor possa abençoá-lo grandemente.

Eu posso ajudá-lo a conectar com missionários que realmente necessitam, por fazer missões em lugares muito difíceis. Eu tenho contatos com organizações missionárias que encontra muitas dificuldades em operar devido a falta de recursos. Por estes tempos, muitos hospitais dirigidos por missões estão fechando as portas ou se transformando em hospitais particulares, devido a falta de médicos cristãos comprometidos que estejam prontos para servir com baixos salários.

Ocasionalmente eu ajudo financeiramente um hospital missionário tribal, que ministra para um tribo chamada Attapadi - Tribal Mission in India . Há também outra organização missionária chamada Missão Evangélica Indiana que está batalhando para pagar seus missionários. Eu tenho um amigo chamado Luke Titus que está trabalhando em missões em um lugar chamado Lahaul & Spiti localizado na cordilheira do Himalaia, um difícil trabalho de missões transculturais da minha terra junto a Himachal Pradesh.

Outra organização missionária é a Jesus mission in India.org. Saju Mathew da Missão Jesus, também é outro líder missionário que eu admiro. Ele tem campo de missões em Orissa onde as perseguições aconteceram. Também, Deus está usando-o em Moçambique, na África. Existem outros pobres missionários pioneiros que eu contato através de líderes missionários acreditados. Há Organizações missionárias com trabalho de assistência social acreditado, através das quais elas se  pode legalmente receber dinheiro.

Se você me disser como deseja contribuir se de uma vez só, ou continuadamente, eu posso lhe dizer qual é a melhor forma para enviar os recursos. Também, você poderia transferir os fundos para as organizações missionárias ou diretamente para os missionários.

Meu e-mail ficou bastante longo. Eu espero que tenha explicado claramente suas dúvidas. Por favor me diga de você precisa de mais informações. Eu estou certo disso, que aquele que iniciou um boa obra em ti, a aperfeiçoará até o dia da vinda de Cristo Jesus.(Filipenses 1:6)"


Em Cristo,

Irmão Aby Mammen

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cruzue@gmail.com

terça-feira, fevereiro 18, 2014

A benção de Deus na vida de um jovem cristão indiano

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Por Aby Mammen

Tradução: João Cruzué

Foto: Irmãos Aby Mammen e Sheena Samuel


Eu cresci em um lar temente a Deus e minha família frequentava uma Igreja Episcopal protestante. Ali, havia uma antipatia geral contra o movimento pentecostal. Eu mesmo lembro-me da aversão que tinha contra ele. Quando meu pai faleceu eu tinha um ano e meio de idade. Minha irmã nasceu duas semanas depois da morte dele e naquela época, minha mãe tinha uma pequena interação com algumas irmãs pentecostais. Elas costumavam orar pelo meu pai que estava morrendo de câncer.

Havia uma irmã pentecostal que passou a noite inteira com minha mãe na noite em que meu pai se foi. Aquela irmã era uma estranha para minha mãe. Ela tinha ido ao hospital para visitar e orar pelos doentes, quando descobriu que minha mãe era amiga de uma certa conhecida dela, então ela decidiu ficar com minha mãe. Daquele momento em diante, minha mãe passou a sentir uma atração pelas igrejas pentecostais.

Eu era visitante de igreja e seguia a vida cristã nominal. Eu amava o Senhor, mas na verdade não tinha nascido de novo. Eu tinha 15 anos, quando o Senhor começou a trabalhar na minha vida para me trazer sua graça salvadora. Eu fui atraído pelo Senhor de formas diferentes: através de um folheto, estudos bíblicos, cultos públicos, e finalmente, quando eu vi um homem ser curado pela oração de um pastor, decidi entregar meu coração ao Senhor. Dois meses mais tarde, eu dei testemunho público ao Senhor no batismo em águas e depois passei a frequentar uma Igreja pentecostal.

Meu pastor costumava jejuar por 41 dias sem comer. Ele instou comigo para que pedisse ao Senhor que me enchesse com o Espírito Santo para adorar ao Senhor em línguas estranhas.

Eu não estava tão interessado porque vi alguns irmãos falando muito alto em línguas na Igreja. Assim, eu comecei a orar para que Deus me enchesse com seu Espírito Santo. Eu esperei por três meses. Em uma tarde de quarta-feira, depois da oração matinal, no momento de uma pequena oração intercessória, na reunião da Igreja, meu pastor sentiu um desejo de colocar suas mãos sobre mim e orar. Eu senti o poder de Deus caindo sobre a minha cabeça e se derramando dentro do meu coração, até não mais poder suportar.

Era como se eu estivesse queimando por dentro. Ao mesmo tempo eu senti que estava diante da santa presença do Senhor e que eu não mais ficar em silêncio. Meu corpo inteiro gritou em adoração a Ele. Minhas orações eram muito altas e eu não podia mais me controlar. Eu estava adorando a Deus de uma maneira diferente, que eu nunca tinha experimentado antes. Naquele dia, Deus me deu a evidência de que Ele era real!

No dia seguinte eu fui à escola e dei testemunho do que tinha acontecido comigo a um amigo Hindu. Ele me escutou atentamente. Embora ele não pudesse completamente me entender quando eu disse a ele que leu tinha sido cheio do Espírito de Deus, ele percebeu que alguma mudança tinha acontecido comigo. Ele costumava me ouvir e discutir comigo sobre assuntos relativos a Deus por alguns anos. Anos mais tarde o Senhor também trouxe a sua graça salvadora sobre a vida deste amigo.

Houve uma época, em meus primeiros anos de crente que o Senhor me concedeu o dom da profecia. O Senhor me fortalecia, de vez em quando, para entregar uma mensagem profética para fortalecer alguém. Já faz um bom tempo que o Senhor me fortaleceu dentro desta forma. O Senhor tem me dado um dom de comunicar a Palavra de Deus para as pessoas em uma linguagem simples. Eu tenho usado isso em nossa Igreja e nas reuniões próximas de meu local de trabalho.

Atualmente, nós estamos ministrando para crianças. Deus tem nos concedido três oportunidades: uma vez por semana, com alguns de nossos amigos, crentes, nós vamos até as proximidades de uma escola e ensinamos lições de moralidade (basicamente histórias bíblicas e canções). Uma vez a cada duas semanas nós conseguimos uma oportunidade para ministrar em um convento para meninos e meninas. As crianças são muito receptivas à mensagem que nós pregamos através da Palavra. Nós cremos que trazer uma criança para Cristo em sua tenra idade é muito mais eficaz.

Eu estava muito fraco em meus estudos na escola. Mas Deus transformou a minha fraqueza em força na faculdade. Ele me deu um emprego, que eu não merecia.

Eu faço parte de uma associação paraeclesiástica. O local aonde eu trabalho é um parque tecnológico, onde há mais de 100 companhias de softwares. Há muitos amigos convertidos trabalhando aqui em várias companhias. O Senhor tem levantado muitos irmãos e irmãs maravilhosos para juntos aprender, seriamente, a palavra do Senhor. Toda terça-feira, nós temos um estudo sistemático da Bíblia e um momento de oração. Os amigos que vêem a esta associação são de diferentes denominações. Esta associação tem seguido o modelo da Igreja Batista. A palavra de Deus é muito enfatizada.

Foi nesta associação que eu conheci Sheena, a jovem que hoje é minha esposa.


Comentário: Irmão Aby é nosso conhecido há mais sete anos. Desde o tempo em que era solteiro e  orava  para se casar. Há uns cinco anos ele enviou-me seu convite de casamento. Deus honrou sua fé. Quero dizer aos leitores de blog, que tenho visto a bênção de Deus na vida deste moço nativo da Índia. Pelo testemunho que ele escreveu e enviou para mim,  já deu para perceber que o Pentecostes é uma bênção na Índia e que a teologia da "prosperidade" não consegue fazer sucesso por lá. Irmão Aby e irmã Sheena, estão morando hoje na Inglaterra, e têm uma linda filhinha de três anos. O casal é de  Kerala, província do Sul da  Índia.(João Cruzué)


Em 21.08.2010

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