quinta-feira, maio 18, 2017

Ives Gandra Martins critica o ativismo dos ministros do STF

.
.
'A CONSTITUIÇÃO "CONFORME" O STF'

Foto: Fecomércio/SP
Professor Ives Gandra da Silva Martins
.
IVES GANDRA DA SILVA MARTINS

Escrevo este artigo com profundo desconforto, levando-se em consideração a admiração que tenho pelos ministros do Supremo Tribunal Federal brasileiro, alguns com sólida obra doutrinária e renome internacional. Sinto-me, todavia, na obrigação, como velho advogado, de manifestar meu desencanto com a sua crescente atuação como legisladores e constituintes, e não como julgadores.

À luz da denominada "interpretação conforme", estão conformando a Constituição Federal à sua imagem e semelhança, e não àquela que o povo desenhou por meio de seus representantes.

Participei, a convite dos constituintes, de audiências públicas e mantive permanentes contatos com muitos deles, inclusive com o relator, senador Bernardo Cabral, e com o presidente, deputado Ulysses Guimarães.

Lembro-me que a ideia inicial, alterada na undécima hora, era a de adoção do regime parlamentar. Por tal razão, apesar de o decreto-lei ser execrado pela Constituinte, a medida provisória, copiada do regime parlamentar italiano, foi adotada.

Por outro lado, a fim de não permitir que o Judiciário se transformasse em legislador positivo, foi determinado que, na ação de inconstitucionalidade por omissão (art. 103, parágrafo 2º), uma vez declarada a omissão do Congresso, o STF comunicasse ao Parlamento o descumprimento de sua função constitucional, sem, entretanto, fixar prazo para produzir a norma e sem sanção se não a produzisse.

Negou-se, assim, ao Poder Judiciário, a competência para legislar.

Nesse aspecto, para fortalecer mais o Legislativo, deu-lhe o constituinte o poder de sustar qualquer decisão do Judiciário ou do Executivo que ferisse sua competência.

No que diz respeito à família, capaz de gerar prole, discutiu-se se seria ou não necessário incluir o seu conceito no texto supremo -entidade constituída pela união de um homem e de uma mulher e seus descendentes (art. 226, parágrafos 1º, 2º, 3º, 4º e 5º)-, e os próprios constituintes, nos debates, inclusive o relator, entenderam que era relevante fazê-lo, para evitar qualquer outra interpretação, como a de que o conceito pudesse abranger a união homossexual.

Aos pares de mesmo sexo não se excluiu nenhum direito, mas, decididamente, sua união não era -para os constituintes- uma família.

Aliás, idêntica questão foi colocada à Corte Constitucional da França, em 27/1/2011, que houve por bem declarar que cabe ao Legislativo, se desejar mudar a legislação, fazê-lo, mas nunca ao Judiciário legislar sobre uniões homossexuais, pois a relação entre um homem e uma mulher, capaz de gerar filhos, é diferente daquela entre dois homens ou duas mulheres, incapaz de gerar descendentes, que compõem a entidade familiar.

Este ativismo judicial, que fez com que a Suprema Corte substituísse o Poder Legislativo, eleito por 130 milhões de brasileiros -e não por um homem só-, é que entendo estar ferindo o equilíbrio dos Poderes e tornando o Judiciário o mais relevante dos três, com força para legislar, substituindo o único Poder que reflete a vontade da totalidade da nação, pois nele situação e oposição estão representadas.

Sei que a crítica que ora faço poderá, inclusive, indispor-me com os magistrados que a compõem. Mas, há momentos em que, para um velho professor de 76 anos, estar de bem com as suas convicções, defender a democracia e o Estado de Direito, em todos os seus aspectos, é mais importante do que ser politicamente correto.

Sinto-me como o personagem de Eça, em "A Ilustre Casa de Ramires", quando perdeu as graças do monarca: "Prefiro estar bem com Deus e a minha consciência, embora mal com o rei e com o reino".


-.-


IVES GANDRA DA SILVA MARTINS, 76, advogado, professor emérito da Universidade Mackenzie, da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e da Escola Superior de Guerra, é presidente do Conselho Superior de Direito da Fecomercio e participante nas audiências públicas de elaboração da Constituição Cidadã de 1988.


Fonte: Jornal Folha de São Paulo, 20 de maio de 2011, página A3.






A conversão do pastor chinês Watchman Nee

.

CONVERSÃO E INÍCIO DO MINISTÉRIO


Tradução: João Cruzué

"Meu nascimento foi em resposta de uma oração. Minha mãe tinha muito medo de que sucedesse a ela o mesmo que acontecera a sua cunhada que tivera seis filhas, o que segundo os costumes chineses era ruim, pois meninos eram os mais desejados. Mamãe já tivera duas meninas, e embora não entendesse completamente o compromisso de uma oração, ela orou ao Senhor e disse: “Se o Senhor me der um filho, eu lho darei de volta de presente". E, o Senhor ouviu sua oração, e eu nasci. foi meu pai que mais tarde me dissera que antes do meu nascimento minha mãe tinha-me prometido ao Senhor".

Para muitas pessoas, a característica proeminente de ser salvo é o ato de ser liberto do pecado. Entretanto, para mim a questão era se eu aceitaria Jesus e me tornaria seu seguidor e um servo ao mesmo tempo. Eu Fiquei assustado porque se me tornasse um cristão então eu seria chamado para servir a Cristo, e isto iria custar muito caro para mim. Conseqüentemente, o conflito foi resolvido assim que eu percebi que minha salvação deveria ter os dois aspectos. Então, decidi aceitar Cristo como meu Salvador e servi-lo como meu Senhor. Isto foi em 1920, quando tinha 17 anos de idade.

"Na tarde de 29 de abril de 1920, eu estava sozinho em meu quarto lutando para decidir se deveria ou não crer em Cristo. Primeiro, eu estava relutante, mas assim que tentei orar, vi a magnitude dos meus pecados e a realidade, a eficácia de Jesus como Salvador. Assim que eu visualizei as mãos do Senhor estendidas sobre a cruz, elas pareciam me envolver e vi o Senhor dizer: Eu estava aqui esperando por você!

Observando efetivamente o sangue de Cristo limpando meus pecados e cobrindo me de tanto amor eu o aceitei ali mesmo em meu quarto. Anteriormente, eu havia rido das pessoas que aceitavam Jesus, mas naquela tarde, a experiência se tornou também real para mim, e eu chorei, e confessei meus pecados, procurando pelo perdão do Senhor. Assim que fiz minha primeira oração, eu conheci uma alegria e paz tais, que eu nunca tinha experimentado antes. Uma luz parecia fluir no quarto e eu disse ao Senhor: Jesus, o Senhor tem sido deveras misericordioso para comigo."

Depois que me tornei um salvo em Cristo, enquanto meus colegas traziam novelas para ler em classe, eu levava a Bíblia para estudar. Mais tarde, eu deixei a Faculdade para entrar em um Instituto Bíblico, sediado em Xangai criado pela irmã Dora Yu. No começo, por muitas vezes, ela muito educadamente tentou me expulsar do instituto com a explicação de que era inconveniente para mim ficar ali mais tempo. Na realidade era por causa de meu exigente apetite, roupas diletantes e costume de me levantar muito tarde pelas manhãs. Ela queria me mandar embora. Meu desejo de servir a Deus tinha levado um sério revés.

Embora eu pensasse que minha vida tinha sido transformada, de fato permaneciam muitas e muitas coisas que precisavam ser mudadas. Percebendo que eu ainda não estava pronto para o serviço do Senhor, decidi voltar a escola secular. Meus colegas de classe reconheceram que algumas coisas tinha alterado em minha vida mas que existiam muitas outras que ainda permaneciam em meu velho temperamento . Por isso, meu testemunho na escola não era muito poderoso, e quando pela primeira vez dei meu testemunho para o irmão Weigh, ele não me deu atenção.

Seguindo minha nova natureza de salvo já havia muitas mudanças e todo um planejamento de mais de dez anos se tornou sem significado e minhas ambições de uma brilhante carreira já estavam sendo descartadas. A partir daquele dia com uma inegável certeza do chamado de Deus, eu sabia qual deveria ser carreira da minha vida. Eu entendi que o Senhor tinha me escolhido para si, para minha própria salvação e para sua glória. Ele tinha me chamado para servi-lo e para ser seu amigo-operário.

Antes eu desprezava pregadores e pregações porque naqueles dias eles eram assalariados dos missionários americanos ou europeus, e por este serviço ganhavam deles míseros oito ou nove dólares de prata por mês. Eu nunca imaginaria, nem por um momento, que me tornaria um pregador, uma profissão a qual eu considerava tão insignificante.

Depois de me tornar um cristão, tive espontaneamente um desejo de levar outras pessoas para Cristo, mas depois de um ano de testemunho e testemunhando para meus colegas de escola secular, não havia nenhum resultado visível. Eu pensava que mais palavras e mais razões seriam eficientes, mas meu testemunho parecia não ter um efeito poderoso sobre as pessoas.

Tempos mais tarde, encontrei uma missionária da Região Oeste, a irmã Grose, que me perguntou quantas pessoas tinham sido salvas através de mim naquele primeiro ano. Eu abaixei minha cabeça e vergonhosamente confessei que a despeito de minhas tentativas de pregar o evangelho para meus colegas, nenhum deles tinha se convertido.

Então, ela me disse francamente que deveria existir alguma coisa errada impedindo minha comunicação com o Senhor. Talvez fosse um pecado escondido, dívidas ou algum outro impedimento. Admiti que tais coisas existiam e ela me arguiu se estava disposto resolvê-las, imediatamente. Concordei. A seguir me perguntou como dava meu testemunho e eu lhe disse que escolhia as pessoas ao acaso e lhes falava a respeito do Senhor, se elas mostrassem algum interesse. Ao que a missionária me ensinou que eu deveria fazer uma lista e orasse por meus amigos primeiro, enquanto aguardasse pela oportunidade de Deus para testemunhar para eles.

Imediatamente, comecei a colocar minha vida em ordem para eliminar os problemas que impediam minha comunhão com o Senhor. Ao mesmo tempo, fiz uma lista com o nome de setenta amigos com o propósito de orar por eles diariamente. Alguns dias eu orava a cada hora, até na sala de aula. Quando as oportunidades vieram eu tentava persuadi-los a crer no Senhor Jesus. Meus colegas freqüentemente diziam jocosamente, lá vem o Sr. pregador, vamos ouvir sua pregação... Embora de fato, eles não tivessem a mínima intenção de ouvir.

Eu contei, depois, meu fracasso a irmã Grose e ela me persuadiu a continuar orando até que algum deles fosse salvo. E, com a graça do Senhor continuei orando diariamente, e depois de vários meses, todas, com exceção de uma, das setenta pessoas daquela lista foram salvas

Frases de Watchman Nee:"A menos que sejamos tratados e quebrantados por meio da disciplina, estaremos restringindo o poder de Deus. Sem o quebrantamento do homem exterior, a igreja não pode ser um canal de Deus".

Em sua última carta, escrita no dia de sua morte: "Apesar da minha doença, ainda continuo cheio de alegria em meu coração." 
http://www.watchmannee.org
/


Última nota: Nee tinha um espinho na carne controlado pela graça de Deus. Desde 1924, ele era tuberculoso. Sobre esse assunto, estive olhando o material e pude ver que a luta de Nee em oração contra essa doença é de uma inspiração e edificação maravilhosas. Ele dependia do Senhor, todo dia, para viver por causa da doença. Viveu com ela 48 anos. Deve demandar umas duas semanas de tradução. Orem por mim, pois gostaria de compartilhar essa bênção com meus leitores.

Comentários: quando olho para as fotos deste chinês, meus olhos ficam molhados. Para ser cristão na China, naquela época, tinha que desprezar a própria vida. Ele sabia o preço e não negociava. Quando quiseram libertá-lo, em 1968, com a condição de nunca mais pregar o nome de Jesus, ele não aceitou e assim o mantiveram no cárcere até à morte. Quando for da próxima vez a uma livraria cristã, não perca tempo. Watchman Nee escreveu sobre aquilo que vivenciava.

Agora veja 90 fotos aqui da Igreja Evangélica da China



Fonte de pesquisa do testemunho








.